sábado, 30 de maio de 2015

Um pouco de Patrick Modiano



“Nunca irei saber como ela passava os dias, qual era seu esconderijo, a quem via durante os meses de inverno de sua primeira fuga, e durante as semanas de primavera, quando novamente fugiu. Aí está seu segredo. Um simples, mas precioso segredo que os algozes, os decretos, as autoridades ditas da Ocupação, a prisão, os quartéis, os campos, a História, o tempo – tudo aquilo que nos empesta e nos destrói – nunca mais lhe poderão roubar”
                                                                       (Dora Bruder, de Patrick Modiano)



Último parágrafo... a leitura deixou a leitora atônita. A menina Dora, em fuga, percorreu ruas que hoje, nem o Google – essa besta do conhecimento – consegue mostrar. A literatura e a invenção, no entanto, tiveram êxito na busca. Acabei de percorrer ruas que não existem mais, lugares destruídos para que não saibamos de nada. Em todos os lugares da terra, há pessoas especialistas em apagar vidas, pistas, sonhos... eles trabalham com afinco. Mas, o autor sonha e realiza cada passo dos esquecidos. É disso que trata esse romance maravilhoso! Cartas encontradas nas bancas do centro da cidade, pacotes esquecidos no canto do edifício em ruínas, o fundo da gaveta... tudo o que a modernidade “desapega”. É lá que estão as vidas que devemos recordar e homenagear sempre!

Até...

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Nenhum texto...

Estou esperando que se apresente...
Ele não vem, eu não vou.

Nenhum texto há um mês da volta daquela viagem.

Nenhum trabalho, nenhuma vontade...

No começo, estranhei e me perguntava, quando?
Os dias foram passando e impressões foram ficando para trás.

Nenhum texto. Sinto pena... pena de mim, que não consegui escrever.

Acabei de lembrar do Alphonsus de Guimaraens... (E o sino canta em lúgubres responsos:"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"), in A Catedral!

Mas o sonho desta noite despertou uma vontadezinha... pequenina e solitária.

Sonhei com os amigos, que me levaram a uma viagem de volta... de verdade, de mentira, sonhada, realizada... sonhada novamente.

Nos encontramos em um hostel, com camas beliche, quartos estranhos, colchas no chão... sem lenço e nem documento - eu; eles, não - sentia falta de um casaco que me protegesse do frio! Ladeira acima, na Itália onírica. Sem lenço, nem documento...  em meio a uma multidão que procurava o que ver, o que guardar para recordar...

A impressão viva de compartilhar com os amigos uma viagem estranha e desafiadora... sem dinheiro, sem casaco...

Surreal... como são os sonhos!

Um pouco como a sensação de escrever nada, nadinha a respeito da última viagem!

                                              (googles images)