sábado, 25 de agosto de 2012

Amigos viajantes II

Os pátios floridos que a Ana viu na Espanha e chegar a Melilla, próximo ao Marrocos; Gene Kelly ao lado da Andréa nas Olímpiadas nos EUA e ouvir a voz da Marisa Monte de dentro de um banheiro - onde mesmo, Amesterdã? - ; a praia gelada em um vilarejo em Portugal que fez a Paula sentir um dos piores frios da sua vida e a visita ao casal de imigrantes portugueses que morava em Paris; as vilas de onde saíram as famílias da Luciana Penna e da Olívia Frizo, naquela viagem inesquecível para Portugal; a Lili Cordélia na África, ensinando meninos e meninas e ensinando em Londres e a Mariana Aldrigui, visitando a Rússia.  Meus amigos viajantes me dão tanto, quando contam suas histórias! O cotidiano fica mais bonito, leve, esperançoso! Reúno todas elas, com minhas leituras e sonhos e vou a todos esses lugares. Minhas filhas em Nova York, Boston, Versailles, Argentina, Uruguai, Egito. Minha mãe no safári no Sul da África e na foto em pleno Cabo da Boa Esperança! A Isabel Lajedo vivendo pela América Latina, em pleno exercício da sua bondade e sabedoria. Quanto me dão... Meu irmão no cassino em Las Vegas, finalmente realizando o sonho de ser um dos Rat Pack. Relatos de sonhos realizados... de projetos construídos, às vezes, por tanto tempo; às vezes, inesperadamente, como um instante de felicidade. Ao ouvir essas histórias, muito do que não faz sentido na vida, desaparece... porque, afinal, somos assim, gente que busca. No outro, na palavra, na imagem perpetuada concretamente ou sugerida na memória, viajamos.




Qualquer dias desses, conto uma das minhas próprias histórias... 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Cinema, música e literatura.

Conversando com a Ana Mª Villela Martinez, logo na saída da sessão na VI Mostra de Cinema Silencioso, relembrei a sorte que tenho e tive. Professores que me apresentaram autores e possibilidades de leitura e experiências culturais que formaram a leitora que sou hoje, a amante de cinema que sempre está disposta a mais uma descoberta... às vezes, sinto até um sensação amarga de impotência quando, vencida por circunstâncias, não posso ou não consigo ir mais uma vez ao teatro, ficar mais um pouco na fila da exposição, batalhar para um ingresso que será distribído uma hora antes...

Na sala de aula, com as amigas curiosas, na companhia de minha mãe, sempre tão curiosa como eu... tive momentos ótimos! Houve um julho especial em que não perdemos quase nenhuma récita no Municipal. Voltávamos para casa de madrugada e, ainda no ônibus, combinávamos o programa do dia seguinte. Sem nenhum cansaço, Dª Jandyra e eu, depois de um dia de aula e trabalho, lá estávamos na porta do Theatro Municipal, felizes para mais uma noite de balet, coral ou acompanhando a orquestra que, regida por Eleazar de Carvalho, encantava a todos, especialmente, minha mãe!
As estréias cinematográficas foram incríveis! Cabaret, O Poderoso Chefão e tantas outras. E a primeira vez do magnífico Gabinete do Dr. Caligari, na Rua Augusta com a Araci! 

As viagens que fiz a partir da adolescência, sempre foram inspiradas pelas experiências culturais que tive. Nunca viajei só para ver a paisagem ou para uma foto a mais de recordação. Vinham da leitura, do cinema, da fotografia, da música... assim minhas recordações estão sempre em rede.
Confesso que isso, às vezes, é um problema...mas...

                         

Desses momentos sou feita!

domingo, 5 de agosto de 2012

Módulo II 4 de agosto – sáb – 10h às 12h

Módulo II
4 de agosto – sáb – 10h às 12h
Clarice Lispector (Ucrânia, Haia 1925 – Brasil, Rio de Janeiro, RJ 1977)Palestra por Yudith RosenbaumConto: Amor
na obra: LISPECTOR, Clarice. Laços de família: contos. Rio de Janeiro: Rocco, 2009. (e outras edições)disponível em: BMA / Circulante e Coleção Geral; outras bibliotecas do Sistema Municipal de Bibliotecas


Leitura leva a mais leitura... nenhuma novidade. Mas, como é gostoso aproveitar esses encontros que a leitura proporciona. Quantas vezes já falei a respeito de Clarice Lispector durante minha vida de professora? Tantas... No entanto, ela é sempre única. A cada leitura, não são as sensações repetidas, nem as lembranças que mais me surpreendem, são as novas e únicas redes com que o texto de Clarice consegue me envolver. Sábado, na Biblioteca Mario de Andrade, mais uma vez me senti assim. Como se fosse a primeira vez, ouvindo falar de Clarice, pensando em seu conto mais conhecido, estabelecendo relações com as leituras recentes. Enid e Alfred, personagens de Correções, de Franzen; a mulher de Federico Mayol, de Viagem Vertical, de Vila-Matas; e até  com a nossa Capitu, de Machado de Assis. Ela, generosa, permite ao leitor tecer suas próprias interpretações... pobre leitor ingênuo! Quantas armadilhas generosas... Como o último parágrafo do conto:

"E, se atravessara o amor e o seu inferno, penteava-se agora diante do espelho, por um instante sem nenhum mundo no coração. Antes de se deitar, como se apagasse uma vela, soprou a pequena flama do dia." 

 
Com a sua última armadilha... "como se apagasse uma vela, soprou a pequena flama do dia"

Aqui, entre outros,  está o texto integral:  http://www.releituras.com/clispector_menu.asp

Até mais,

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Viajando para comemorar 18 anos


A comemoração de dezoito anos era especial. Fui com uma amiga para Salvador. Salvador aos dezoito anos... ficar em Albergue, assistir Gilberto Gil em um cirquinho na praia, quase parar na delegacia porque a turma fez muito barulho no ônibus, voltando do show; ir a todos os museus e igrejas... todos os que o professor de literatura tinha mostrado em sala de aula, chorar na São Francisco, amarrar fitinha no braço. Apaixonar-me novamente por Castro Alves. Muito importante, muito especial! Mas a amiga era mais especial ainda. Inteligente, perspicaz, uma companhia alegre. Sem medo de nada. Ensinou-me a me arriscar. Quem tem uma amiga dessas, aprende muito na vida. Como se ri aos dezoito anos! Ríamos porque chovia tanto em São Paulo que quase perdemos o ônibus. Ríamos porque depois de 42 horas na estrada, ainda sentíamos o perfume da fábrica do chocolate Garoto, quando finalmente chegamos a Salvador. E ríamos do quase desastre ao comer como primeira refeição uma moqueca ao molho de dendê... e ainda por cima, almoçamos em uma lanchonete popular próximo à rodoviária. Só aos dezoitos para não ter medo de nada, nem de moqueca de rodoviária. Vimos tudo, voltamos baianas, gabrielas...  Voltei com as tralhas da viagem e as lembrancinhas , e ela...  cismou de comprar um berimbau! Claro, quem vai a Salvador tem de trazer um berimbau, não é? Uma turistada de vez em quando não faz mal a ninguém. E aquele berimbau deu o que fazer. A amiga baixinha, pequenininha, malona cheia de lembranças, tinha um berimbau que enroscava nas malas, não cabia no ônibus. O passageiro da poltrona ao lado não se aguentou e perguntou: “voltando de Salvador, é?” "Advinha?" E mais risada!" Vai aprender a tocar?" "Claro" "Gostaram da minha terra" "Nossa, demais. Vamos voltar logo" Alias, estou aqui pensando: quantas horas cuidando da preciosidade baiana? Nem me lembro mais! Não me lembro nem se a volta foi de avião ou de ônibus mesmo. O berimbau foi mais importante do que todo o resto. Será que ele existe ainda? Qualquer dia, pergunto. 


E aqui o mestre:

http://www.youtube.com/watch?v=j1sok3vvsBE

Até mais,