quinta-feira, 10 de março de 2016

Pequenices...

mimimi
não brinco mais
to mal
belém belém... tô de  mal não tô de bem
você também, hein!?

mimimi
acabou- o que era doce
dedinho
língua para fora
muxoxo

mimimi
não vejo
não escuto
não leio
não compartilho

mimimi
só eu é que sou legal
inteligente
bonitona
gostosona
diferentona

mimimi
mimimi
mimimi

carapuça
boné enterrado na cabeça

não brinco mais
levo a bola embora
desfaço o castelo de areia
jogo fora

mi mi mi...




segunda-feira, 7 de março de 2016

Relato de uma leitura quase interrompida.



Nosso grupo tem vivido momentos difíceis. Desde um desentendimento entre duas pessoas queridas, até o enfrentamento dos percalços da vida, que se encontra em um momento muito especial para todas nós.

O pai de uma das amigas está em processo de Alzheimer. Para que a situação fique mais confortável para todos, é preciso trocar de casa, procurar ajuda, buscar o equilíbrio da família – pai, mãe, filhos, marido e sobrinhos – busca que, praticamente sozinha, ela tem feito. A leitura fica difícil, quase impossível. Ainda mais, quando ao mesmo tempo em que a fúria do tempo da velhice se impõe, os deveres do trabalho, como professora, não dão trégua.

Outra de nós tem mãe vizinha, delicada e frágil, como são as mães de mais de 80. Tem filhos que estão iniciando a caminhada, tem trabalho diário. Tem de dar a notícia que a mãe acabou de perder uma irmã mais nova, enquanto se despede do filho mais novo que vai rumo a uma aventura acadêmica em outro estado... mesmo assim, a leitura tem – devagar e sempre – dado seus avanços, tem feito pensar.

Nossa amiga carioca vai ao samba e cai de boca! Literalmente cai de boca na rua... ai,ai,ai mais um desafio! Tipoia, sutura e o escambau para dormir feito o Drº House! Ela não para de ler, não para, não para, não para! Mas, vamos concordar que dá medo voltar a caminhar para o encontro do Book Club no CCSP. Engole seco, faz a mala, chama o táxi e vamos que vamos!

A mocinha da Vila Mariana tem enfrentado seus próprios momentos... um mistério, uns exames, o carnaval no meio e... doutor, “A única coisa a fazer é tocar um tango argentino”. Que nada... a melhor coisa a fazer é planejar uma viagem, buscar o site de estudos das personagens e compartilhar. Ainda melhor é fazer umas fotos, dar um olá para os amigos... ser incrivelmente gentil comigo. Obrigada, mocinha da vila!

E ela, aquela que sempre deixa o final do livro para depois, está lendo! Está lendo, senhoras e senhores e contribuiu com uma reflexão bem interessante no último encontro. Ele lê apesar de... escola, marido, filha, irmão e irmãs. Ela lê por isso tudo. E ri de tudo, e vai à festa, e tira foto, e compartilha com alegria... traz um bolo e faz festa.

Nossa leitura vai que vai... de 50 em 50, como il faut! Como tem de ser... assim combinamos, assim acordamos. Ela lê entre barro e tinta, entre panelas e filhos... entre tempos distintos para levar a vida e dar conta da vida.

Nossa leitura vai de vento em popa? Vai segmentada? Quase interrompida? 
Na cama, de madrugada... vai que vai. 
O sono não vem? A leitura dá conta.

O som e a fúria dos tempos, o som e a fúria da vida que nada significa. 

Vamos Sísifo, vamos ladeira acima, desta vez com Faulkner. 

O som e a fúria da vida, contada por vozes misturadas às nossas próprias vozes... cheias de som e fúria.

Life’s but a walking shadow, a poor player
That struts and frets his hour upon the stage,
And then is heard no more. It is a tale
Told by an idiot, full of sound and fury,
Signifying nothing.

(Shakespeare, Macbeth, ato V, cena V)