quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Alumbramento


"Alumbramento S.m.P.u. 1 Inspiração sobrenatural; iluminismo; 2. Deslumbramento, maravilhamento: "Um dia eu vi uma moça nuinha no banho/Fiquei parado o coração batendo/ ela se riu/ foi meu primeiro alumbramento" (Manuel Bandeira, Estrela da vida inteira, p.116) 3. Inspiração, iluminação."

Ganhei uma fotobiografia de Drummond, editada em 1989. Edições Alumbramento.

Estou iluminado
por dentro, no passado,
no futuro mais longínquo
e meu presente é não estar no tempo
e alçar-me de toda contigência.



terça-feira, 2 de novembro de 2010

...pensando neste dia de Finados



Profundamente

Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes, cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.



No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam, errantes

Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.

*

Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?

— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.


Texto extraído do livro "Antologia Poética - Manuel Bandeira", Editora Nova Fronteira – Rio de Janeiro, 2001, pág. 81.

sábado, 30 de outubro de 2010

Édipo Rei, Sófocles

Jocasta
Insensatos! Por que vos desgastais
nessa mesquinha troca de palavras?
Não vos vexais de vossas miudezas
quando o pais está sofrendo tanto?
...............................................................
não é hora de se dar curso a motivos menores.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Poesia...à beira das páginas da relva!


"Contar-te longamente as perigosas
Cousas do mar, que os homens não entendem,
Súbitas trovoadas temerosas,
Relâmpagos que o mar em fogo acendem,
Negros chuveiros, noites tenebrosas,
Bramidos de trovões, que o mundo fendem
Não é menos trabalho que grande erro,
Ainda que tivesse a voz de ferro
(Os Lusíadas, V, 16, in O ser e o tempo da poesia, de Alfredo Bosi)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Então...


"Los espejos estan llenos de gente.
Los invisibles nos ven.
Los olvidados nos recuerdan.
Cuando nos vemos, los vemos.
Cuando nos vamos, se van?"
(Espejos, Eduardo Galeano)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Memorial do convento!


«Já lá vai pelo mar fora o Padre Bartolomeu Lourenço, e nós que iremos fazer agora, sem a próxima esperança do céu, pois vamos às touradas que é bem bom divertimento»


«São pensamentos confusos que isto diriam se pudessem ser postos por ordem, aparados de excrescências, nem vale a pena perguntar, Em que estás a pensar, Sete-Sóis, porque ele responderia, julgando dizer a verdade, Em nada, e contudo já pensou tudo isto


sábado, 5 de junho de 2010

Bonequinha de luxo!


Acabei de rever com as filhas, nesta tarde de sábado, Bonequinha de luxo! Luxo é sentar-se com duas meninas lindas e delicadas como elas e saber que estão compartilhando um momento especial!
Elaine Audrey, Thaís Audrey e Mariana Tiffany!!!! Só mesmo ouvindo Moon River!

domingo, 30 de maio de 2010

Anna


" Quando Anna entrou n o quarto, ele já se achava deitado. Seus lábios estavam cerrados com severidade e os olhos não miravam a esposa. Anna deitou-se em seu leito e aguardou que ele, a qualquer minuto, voltasse a falar com ela. Anna temia, e ao mesmo tempo queria, que o marido falasse. Mas ele se mantinha calado. Anna esperou por um longo tempo, sem se mexer, e esqueceu-se dele. Anna pensava no outro, via-o e sentia como o coração se enchia de emoção e de um júbilo criminoso com esse pensamento. De súbito, ouviu um assobio nasalado, calmo e regular. No primeiro minuto, como que assustado com o próprio assobio, Aleksiei Aleksándrovitch interrompeu-se; mas, após duas expirações, o assobiu ressoou de novo, com serena tranquilidade.
_ Já é tarde, já é tarde - sussurou Anna, com um sorriso. Ficou longo tempo deitada, sem se mexer e sem fechar os olhos, cuj0 brilho ela mesma parecia ver, na escuridão." (Tolstói)


O texto vai se embrenhando na minha experiência leitora, delicadamente...saboreio o prazer de um trecho como este...tão simples, tão perfeito!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Água na boca!


Isabel Allende confirma participação na Flip
A peruana naturalizada chilena Isabel Allende lançará na Flip seu mais novo livro, A ilha sob o mar. Depois de três anos sem publicar – seu último trabalho, A soma dos dias, foi lançado em 2007 –, Isabel volta à ficção em A Ilha sob o Mar com a história da escrava Zarifé. Jornalista desde os 17 anos, estreou na literatura com o livro A Casa dos Espíritos, em que utilizou os manuscritos das cartas que escreveu para seu avô, enquanto este convalescia no leito de morte, para retratar os fantasmas da ditadura de Augusto Pinochet. A escritora se transformou em um verdadeiro best-seller mundial, com 18 livros publicados, em mais de 30 idiomas.

Flip confirma a vinda de Antonio Tabucchi
Com mais de 20 livros traduzidos em mais de 40 línguas, o italiano Antonio Tabucchi irá lançar, durante a Flip, O tempo envelhece depressa – uma reunião de nove contos cujo fio condutor é a relação dos personagens com o tempo. A editora Cosac Naify irá republicar ainda Noturno Indiano, Afirma Pereira e Réquiem. Com 11 títulos publicados no Brasil, entre eles Tristano morre (2007), Está ficando tarde demais (2004) e Os voláteis do beato Angélico (2003), Tabucchi mantém uma relação muito próxima com a literatura brasileira. Além de ser professor do departamento de língua portuguesa da Universidade de Pisa, já traduziu Sentimento do mundo, a coletânea poética de Carlos Drummond de Andrade.

E então? leitores circunstânciais? Não dá água na boca?

domingo, 16 de maio de 2010

Faz tempo...


Tanto tempo que pensei...ninguém mais...vou deixar ficar aqui até que se desfaça e vá sumindo aos poucos...como tudo! Mas, ao contrário do que imaginei, deu vontade de...

1- Crônica da casa assassinada, Lúcio Cardoso - provocou alguns dias de concentraçao e reflexões, ao final uma certa frustração com a solução, mas é isso, às vezes precisamos relativizar.

2- Ana Karenina, Tolstoi - vai devagar, saboreando todas as palavras e os perfis construídos com tanto sabor e imagem, vai devagar...mas vai deliciosamente fazendo parte da minha vida!

3- Eva Luna, Isabel Allende - está, ao lado da cabeceira, olha para mim e eu digo...só mais um pouquinho...

4- Balé, chopinho, orquestra...bocados de uma cidade!

5- Ah! Os amigos...eles são realmente uma parte muito vital disto que chamamos cotidiano.

6- Beijos esperançosos de alguns leitores, ainda que poucos.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Ilha da Magia


"Mar, lume das estrelas, Maresia....
Brisa em sintonia a cantar.
Trilhas, passos nossos, teu olhar...
Pássaros nos fazendo companhia...

Céu azul de brigadeiro, um luar...
Sol , fotossíntese ... em você me alimento.
Ondas nas pedras, o movimento...
Entre os êxtases, lenitivo...abraçar...



Veleiros, Trapiches, Paisagens...
Passagens para sonhos e devaneios,
Ilha da Magia , Doces beijos...

Frissons jamais desfeitos,
Lembranças e desejos,
Que trago junto de mim..." (Rose Felliciano)