domingo, 30 de maio de 2010

Anna


" Quando Anna entrou n o quarto, ele já se achava deitado. Seus lábios estavam cerrados com severidade e os olhos não miravam a esposa. Anna deitou-se em seu leito e aguardou que ele, a qualquer minuto, voltasse a falar com ela. Anna temia, e ao mesmo tempo queria, que o marido falasse. Mas ele se mantinha calado. Anna esperou por um longo tempo, sem se mexer, e esqueceu-se dele. Anna pensava no outro, via-o e sentia como o coração se enchia de emoção e de um júbilo criminoso com esse pensamento. De súbito, ouviu um assobio nasalado, calmo e regular. No primeiro minuto, como que assustado com o próprio assobio, Aleksiei Aleksándrovitch interrompeu-se; mas, após duas expirações, o assobiu ressoou de novo, com serena tranquilidade.
_ Já é tarde, já é tarde - sussurou Anna, com um sorriso. Ficou longo tempo deitada, sem se mexer e sem fechar os olhos, cuj0 brilho ela mesma parecia ver, na escuridão." (Tolstói)


O texto vai se embrenhando na minha experiência leitora, delicadamente...saboreio o prazer de um trecho como este...tão simples, tão perfeito!

Nenhum comentário:

Postar um comentário