segunda-feira, 10 de outubro de 2016

"Às vezes no silêncio da noite".

Por razões que a Razão desconhece, meu grupo de leitura acabou!

Ler em grupo é bom e perigoso.

Bom porque compartilhamos memórias, sonhos e reflexões.
Perigoso porque nos coloca em situações em que temos de ter o bom senso de ficar caladas, mas ficamos? Não, não ficamos. Primeiro porque ler nos dá mais liberdade com a palavra e nos dá o direito de pensarmos por nós mesmos. Segundo porque um grupo de pessoas que pensa e tem o poder da palavra, não está disposto a ficar calado.

... é um problema insolúvel.

Um grupo de leitura tem vida curta.

Não é possível uma convivência pacífica entre pessoas que leem.

Por isso, pensei em me unir a um grupo mais impessoal. Desses que as editoras, as bibliotecas, as casas de cultura formam para vender, formar público ou divulgar ações culturais.

Lá, em um encontro impessoal, poderia ler e falar as bobagens que quisesse, sem me preocupar com quem quer que estivesse ao lado.

Procurei, procurei mesmo... mas, e as discussões? E as opiniões divergentes, os cafezinhos, os bate bocas e os olhares de esgueira - tão significativos! Onde estariam?

Não, acho que não quero algo assim tão impessoal.

Quero um grupo que vá se formando, aos poucos. Cada um trazendo sua contribuição... gente nova e cheia de vontade de compartilhar.

Ou talvez, como tenho me sentido e querido, ultimamente, fico comigo mesma.

Afinal, quem tem de me aguentar sou eu mesma... minha maneira pretensiosa de ser, minha vontade de sonhar com viagens mirabolantes no trem do impressionismo francês, minha boca calada, meu riso, meu humor, bom e mal... meu jeito de ler e minhas vontades.

Egoísta! Egoísta? Egoísta...

...um grupo de leitura feito de livros que escolho, leio e divido comigo mesma!

É isso, e não me venham com churumelas!