Dia da Terra.
Normalmente, eu publico aquele vídeo do Caetano,
cantando Terra. Ou, o Beto Guedes, cantando Sal da Terra, ou o Guilherme Arantes,
Planeta Água; talvez do Ivan Lins, Aos Nossos Filhos.
Mas, hoje, pensei de outra maneira. Pensei nas
fotos do Renato Rizzaro e na Roda de Passarinho,no seu pedaço de chão Reserva Rio das Furnas, na
entrevista de Ailton Krenak e na de Olívio Jekupe. Pensei em Guimarães Rosa, em
Brennand, em Glauber Rocha. Pensei no Cerrado que vi, pela primeira vez, em
1968, quando fui visitar meu pai que havia se mudado para Brasília. Frutas,
flores e perfumes que nunca me abandonaram. Lembrei-me do mar de Maceió, em
1984, tão azul que eu achei que era mentira. Ri alto, quando entrei nele. Lembrei-me
da fruta pão, árvore em frente da casa em que fiquei na primeira vez em Recife.
Do balanço no meu quintal de infância que me levava até a uvaia azedinha e que
eu abocanhava sem medo no ir e degustava no movimento de volta. Dos dois pés de
café no meu jardim entre roseiras e pés de mandioca. E do perfume daquela árvore
da qual não sei nada, nem o nome, nem como se planta, nem quando floresce, aquele
perfume que me inebriava em determinada época do ano, durante o passeio com a
Sofia. Nas fotos das varandas de Samir Signeu. Nos meninos e meninas, como a turma do Raros Fazedores de Chocolate... com um trabalho tão importante! E nos animais que estão soltos por aí, nas fotos mais loucas da minha
linha do tempo. No céu capturado pelos celulares, nas maritacas, nesses pássaros
canoros das madrugadas aqui em São Paulo.
Dia da Terra. Nossa casa. Vilipendiada em muitos cantos do
meu país. Abandonada e explorada.
Dia da Terra. Ainda nos concedendo tanta beleza, alimento,
lembrança.
Obrigada...