segunda-feira, 31 de agosto de 2020

À noite, sonhamos!

 

Parece até que temos sonhado muito mais que o normal. Há umas noites em que os sonhos ficam muito estranhos mesmo. Acredito que nosso inconsciente anda solto demais, descansado demais.

E, esta noite, sonhei. O tema tem sido recorrente. Eu, escola, sala de aula, prova, entrega ou apresentação de trabalho.

Uma sala de aula em formato de auditório em escada, muitas cadeiras diferentes. Mesas descascadas, fórmica desbotada, pés enferrujados. Uma professora com um ar formal demais. Cabelos curtos, saia rodada? Humm?

Íamos fazer prova. Ai, minha nossa! Era uma prova a respeito de um poeta. Acho que era sobre Castro Alves, meu amor.

Que sensação horrorosa. A prova já havia começado e eu não achava um lugar para sentar. Como sempre, quando sonho sonhos estranhos, estava tudo húmido, sujo, chão molhado. Ter crescido numa casa velha e ter assistido ao filme, Stalker, de Tarkovsky, sem dúvida, marcou meus sonhos para sempre. Precisava procurar uma mesa e cadeira em que pudesse deixar minhas coisas – sacola, cadernos, blusas – e tinha de ser confortável. Simplesmente não tinha nenhuma sobrando. Todos os alunos estavam com seus amigos, seus chegados. E eu - ai, de mim – sozinha.



Peguei as questões da prova, com a professora. Era uma proposta bordada em três pedaços de pano, costurados como um pequeno livro de pano. Achei uma cadeira, rodei a sala toda, tentando me encaixar. Um desespero.

O tempo de prova estava passando, pensava no texto interpretativo que ia escrever. Me sentia apta, mas aflita, por não encontrar um lugar para finalmente sentar e começar a por as ideias no papel. Enquanto rodava toda a sala, ia pensando no texto, nos argumentos, nos exemplos.

Faltavam apenas alguns minutos para o término da prova. A professora me olhava intrigada. Será que eu conseguiria?

Acordo no exato momento em que começo a escrever. Que bom, com aquele tempo tão curto, seria um texto horrível e já me sentia mal e constrangida, por não apresentar um trabalho decente.

Acordei, agradecendo o amanhecer.

Que noite estranha e mal dormida. Vamos ver como será a próxima.