Eu sempre tive os dois pés atrás com umas certas "bispas" que existem por aqui. São de um cinismo que me causa engulhos. Falam uma coisa e fazem, descaradamente, outra. Nunca lerem ou estudaram uma linha de teologia ou filosofia ou de qualquer outro conhecimento que forme, de fato, os que procuram conhecer os princípios de sua fé. Nem precisam disso para seus propósitos "religiosos". No entanto, "só a mais leve esperança em toda vida"... Ouvi, no mês de novembro e há dois dias, dois sermões que me deixaram um pouco mais calma em relação aos bispados femininos. O primeiro foi durante a viagem que fiz, numa visita à Catedral de Sant Paul, em Londres. Esperamos entrar depois das 5 horas, quando não se precisa pagar a visitação, pois é o horário do culto. Naquele dia, haveria uma celebração especial com a bispa de Londres. Ficamos curiosas e resolvemos assistir à cerimônia. Foi interessante presenciar os ritos e o coral foi belíssimo, sem contar que a catedral é linda. Na hora do sermão, com o auxílio da filha, entendi tudo. Ela falou a respeito do advento que se aproximava, falou dos temas da religiosidade e falou dos sem teto que encontramos nas ruas; dos refugiados, que sofridos buscam um lugar no mundo para viver; das guerras, das diferenças e dos que sofrem por elas. Falou dos males e crueldades impostas ao mundo por aqueles que detém o poder econômico, midiático. Saí bem impressionada. E há dois dias, outra bispa de verdade, pronunciou um sermão que repercute no mundo abismado com as loucuras que andamos tendo de ouvir... Minha pouca fé no ser humano é testada todo dia e o resultado nunca é favorável à humanidade, mas há momentos assim, em que as mulheres aparecem como sempre as imagino, como fortes, inteligentes, destemidas. E como elas são, quando resistem e submergem desse atoleiro que é o patriarcado. Vimos, nos últimos dias, como é difícil e doentio tentar sobreviver à raiva - como bem explicou Milly Lacombe - numa manifestação a respeito de mais um caso de abuso psicológico contra mulheres, que está sendo discutido nas mídias. E ainda tivemos o orgulho e a esperança de ouvir mais uma mulher incrível do nosso tempo...Angela Davis. Vocês ouviram?
quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Two ladies!
quinta-feira, 2 de janeiro de 2025
Que comecem as leituras!
Bom dia, amigos! Eu leio boas histórias, desde muito cedo. Lá em casa, por obra de um destino misterioso e incrível sempre teve algo para ler. Minha mãe conta que, ao casar com meu pai, ele fez uma assinatura do antigo Clube do Livro, porque sabia que ela gostava de ler e ele também. O amor tem dessas delicadezas. O casamento durou pouco e anos de luta pela sobrevivência se aproximaram, com o pouco dinheiro somente para a comida e aluguel. Minha mãe, vocês sabem, é uma força da natureza - para usar o melhor clichê possível - fez tudo e muito mais para dar tudo certo. Os livros do Clube do Livro ficaram por lá. Eu fui achando e lendo o que descobria... José de Alencar, Machado de Assis foram quase que minhas primeiras leituras. Mas, há um dado particular nessa história, que poderia ser melancólica, mas não é. Meu pai foi embora, mas sempre nas datas especiais - principalmente natais e aniversários - ele nos presenteava. Muitas vezes, foram livros. Já contei que ganhei dicionários e outros livros dele. Aquela coleção da Melhoramentos de clássicos infantis era o que mais me atraia. Foi meu irmão quem ganhou a maioria deles, mas eu lia primeiro ( ou depois ? ). Então, conheci os classicos Peter Pan, Alice, Gulliver, Os irmãos corsos e tantos outros ainda menina. Será que foi essa a fundação da leitora que sou? Talvez. A mãe leitora só descobri, quando a vida foi ficando menos pesada. O pai leitor só via naqueles encontros breves, mas muito significativos. Da escola, veio o primeiro livro de leitura que tenho até hoje ( o meu original foi perdido, mas uma amiga de outros tempos, me presenteou com o dela ), os livros perdidos nos fundos das gavetas de casa, as revistas da vizinha, mas acima de tudo os Clássicos da Melhoramentos fizeram, sim, a leitora que sou hoje. Acho que já escrevi quase tudo isso antes, mas hoje lembrei de tudo, novamente, pensando nas próximas leituras que farei. Estão sendo lidos Cem anos de solidão, de GGM, conforme já falei dias atrás; Escalavra, de Marcelino Freire e tem um especialíssimo que ainda não comecei, mas está na cama, ao lado do meu travesseiro principal: 2666, de Roberto Bolaño, emprestado pela grande leitora Andréa Moraes. Olho para o calhamaço de Bolaño, pensando nas maravilhas que virão dele... E vamos em frente!