quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Memória de elefante
Então...a Flip deu alguns resultados. Entre eles, a leitura do romance inaugural de António Lobo Antunes, Memória de elefante...Aqui vai um excerto.
"...acocorei-me a chorar ao pé de ti repetindo Até ao fim do mundo, até ao fim do mundo, até ao fim do mundo, certo da certeza de que nada nos podia separar, como uma onda para a praia na tua direcção vai o meu corpo, exclamou o Neruda e era assim connosco, e é assim comigo só que não sou capaz de to dizer ou digo-te se não estás, digo-te sozinho tonto de amor que te tenho, demais nos ferimos, nos magoámos, nos tentámos matar dentro de cada um, e apesar disso, subterrânea e imensa, a onda continua e como para a praia na tua direção o trigo do meu corpo se inclina, espigas de dedos que te buscam, tentam tocar-te, se prendem na tua pele com força de unhas, as tuas pernas estreitas apertam-me a cintura, subo a escada, bato ao trinco, entro, o colchão conhece ainda o jeito do meu sono, penduro a roupa na cadeira, como uma onda para a praia como uma onda para a praia como uma onda para a praia na tua direcção vai meu corpo."
Solidão, desencontro, amor imenso... António Lobo Antunes.
Minha edição, autografada, é da Objetiva de 2006.
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Oi, Elaine!
ResponderExcluirA Palestra do Lobo Antunes suscitou-me muita vontade de conhecer suas obras; agora então, lendo esse trecho, deu uma dorzinha de consciência por ainda não ter ido atrás. Com certeza, o farei.
Beijoca.