Leio o jornal de ontem. Aliás, eu sempre leio o jornal do
outro dia. Adoro ser surpreendida por notícias que já estão velhas. Me dá uma
sensação boa de que há muita coisa ainda para se conhecer. Domingo é um dia
ótimo para isso! Na cama, vou revirando os jornais de quarta, quinta, sexta,
sábado, até chegar no domingo e seus
cadernos cheios de matérias que vão me entreter durante mais uma semana. Mas,
me deu vontade de falar a respeito disso, porque o hábito de escolher matérias
dos cadernos de cultura, entretenimento ou dos encartes e guias de resenhas que
apresentam as publicações mais recentes,
as reedições, os dvds que, finalmente foram lançados, me jogam num mundo de
desejos e mais desejos infindáveis. Fico feliz, triste, esperançosa, dou
risadas e suspiro, pensando em quando vou, finalmente, ler tal livro que recebeu um trato
especial de tal editora que sei caprichosa ou posso tramar como ganhar das filhas aquele
filme maravilhoso que acabou de sair!
Ontem o Guia: Livros Discos Filmes me deixou maluca! Assim
como, às vezes, preciso de uma bolsa nova, um All Star vermelho e mais um caderno de anotações, li a resenha a
respeito do romance Oblómov, de Ivan Gontachróv, editado pela Cosac Naify. Meu
Deus das bibliotecas! Deve ser uma delícia! O último parágrafo da resenha me
deixou cheia de desejo...
“Ilusão: o breve amor pelo mundo do lado de fora é destruído
pelo extremo niilismo de Gontcharóv, que faz Oblómov concluir, após uma bizarra
sequência de jantares e bailes, que seu mundo não passa de um teatro – e que
nada pode ser mais verdadeiro que dormir, ‘talvez sonhar’.” (Ronaldo Bressane,
in Livros, pg. 7 do Guia da FSP)
Bom, o caso é que adoro personagens assim... aparentemente
desinteressados do mundo, mas que estão, o tempo todo, analisando pessoas,
ambientes... Puro voyerismo. Aliás,
leitores são o quê? Voyers, não é mesmo?
E os desejos vão se instalando... na leitura do quadrinho do
Laerte, que procurei e não achei para reproduzir aqui... a Lola, brincando de
subir e descer escadas. Como é bom! A edição do Isto ou Aquilo, de Cecilia
Meireles, ilustrado pelo Odilon Moraes, de quem eu tinha visto uma entrevista
na TV, e por quem já me apaixonei, é claro! A Feira Literária de Guadalajara,
que é gostosa até no nome. Falem Guadalajara (rara), não é ótima de falar? Pois
é. Os irmãos Karamabloch, desde 2008 na minha lista, e agora aparece novamente
em matéria no jornal de ontem, só para que cutucar! Garcia Marquez, Carlos Fuentes, Philip Roth ( que comentário: "Todo dia estudo um capítulo do 'Iphone para idiotas'.Agora sou um ás"). Como não pensar em comprar todos os livros desse homem que aos 80 anos, está confortavelmente sentado em sua sala, olhando para mim e dizendo uma blague como essa? Como? E penso, lendo uma última matéria: Será que Luciana conseguiu a Vogue da Frida, faz tempo desde que falei a respeito disso e, agora, vejo uma foto da exposição no México?!
E assim, a coisa vai. Um inferno do qual só conseguirei
sair, quando ler, no próximo domingo pela manhã, os jornais da semana que
começa agora! E novos desejos se apresentarão para que eu possa me sentir com
muita vontade de... sei lá, sofrer, sorrir, “talvez, sonhar”.
E para terminar, uma charge do Laerte( amor, amor, amor), que comenta uma notícia velha e
assustadora.
Até mais, leitoras... o jornal de hoje, chegou!