quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Sonhos de umas noites.



I
Todas no carro velho, voltando para casa. Ali, bem na Igreja do Carmo. O caminho seria um só. Dar a volta no Parque Dom Pedro, subir em direção a Praça da Sé e tomar rumo, pela Liberdade, até a Vila Mariana. Mas o roteiro saiu errado. Vaguei anos. Isso mesmo. Anos. Por um Parque Dom Pedro que lembrava o Inferno, de Dante. De seres escuros, vagando, pedindo, implorando. E nós três, no carro velho. Eu tinha de resolver. As meninas, minhas filhas, pediam atenção. Uma delas ainda bebê; a outra, uma menininha que precisava ir à escola. Vaguei anos. Subia e descia as ladeiras da cidade. Procurei abrigo em algumas casas. Ninguém dava bola. A mínima bola. E agora, Maria? Pedi, implorei. As pessoas tinham suas próprias preocupações. Caos. Kaos. Muito Freud em uma noite? Pode ser. Em uma das casas em que entrei, a loucura do dia não permitia nenhuma conversa ou atenção. Não, até que finalmente encontrei meu caminho, Um jogo de esconde-esconde... lembra um conto do Cortázar. Ando sonhando essas histórias quase sem fim.

II
Sonhei romântico. Romanticamente, alguém me esperava. Uma sensação maravilhosa de sentir que alguém esperava por mim. Um homem. Sentimento de proteção. Não, não essa proteção boba das relações que andam por aí. Das relações cheias de cobrança. Ele me esperava, me dava a mão. Esta minha incapacidade de descrever é o que ainda me comove. Já faz uns dias. Esperei para ver se sensação ainda permanecia viva, depois de todas as obrigações dos dias. Permaneceu. Sonhei romântico e a sensação foi tão boa que permaneceu. Cuidado, carinho. Ele não era bonito, nem especial. Alguém que talvez encontrasse na esquina de casa, numa manhã dessas, suarentas, cheias de gente apressada. Mas, ele olhou e me esperou, amparou minha presença naquele mundo de sonhos.

III
Deveriam ser três...



A imagem veio sem referência... assim são alguns sonhos.