I
Todas no carro velho, voltando para
casa. Ali, bem na Igreja do Carmo. O caminho seria um só. Dar a volta no Parque
Dom Pedro, subir em direção a Praça da Sé e tomar rumo, pela
Liberdade, até a Vila Mariana. Mas o roteiro saiu errado. Vaguei anos. Isso mesmo. Anos. Por um Parque Dom Pedro que lembrava o Inferno, de Dante. De seres escuros, vagando, pedindo, implorando. E nós três, no carro velho. Eu tinha de resolver. As meninas, minhas filhas, pediam atenção. Uma delas ainda bebê; a outra, uma menininha que precisava ir à escola. Vaguei
anos. Subia e descia as ladeiras da cidade. Procurei abrigo em algumas casas.
Ninguém dava bola. A mínima bola. E agora, Maria? Pedi, implorei. As pessoas
tinham suas próprias preocupações. Caos. Kaos. Muito Freud em uma noite? Pode ser. Em uma das casas em que entrei, a loucura do dia não permitia nenhuma conversa ou atenção. Não,
até que finalmente encontrei meu caminho, Um jogo de esconde-esconde... lembra um conto do Cortázar. Ando
sonhando essas histórias quase sem fim.
II
Sonhei romântico. Romanticamente,
alguém me esperava. Uma sensação maravilhosa de sentir que alguém esperava por
mim. Um homem. Sentimento de proteção. Não, não essa proteção boba das relações
que andam por aí. Das relações cheias de cobrança. Ele me esperava, me dava a mão.
Esta minha incapacidade de descrever é o que ainda me comove. Já faz uns dias.
Esperei para ver se sensação ainda permanecia viva, depois de todas as obrigações
dos dias. Permaneceu. Sonhei romântico e a sensação foi tão boa que permaneceu.
Cuidado, carinho. Ele não era bonito, nem especial. Alguém que talvez
encontrasse na esquina de casa, numa manhã dessas, suarentas, cheias de gente
apressada. Mas, ele olhou e me esperou, amparou minha presença naquele mundo de
sonhos.
III
Deveriam ser três...
A imagem veio sem referência... assim são alguns sonhos.
Segundo Freud, os sonhos têm a função de evitar a perturbação do sono, seria a nossa porção de fantasia a serviço de fazer com que tivéssemos um sono tranquilo. Se ao levantarmos e não lembrarmos do que sonhamos,então o sonho cumpriu sua função, mas se lembrado,isto sempre significa um irrupção do inconsciente reprimido de nosso EU normal... e por aí vai...
ResponderExcluirMas lembrarmos de sonhos como o primeiro, é querer acordar e estar em outra situação, é fugir de um "quase" pesadelo. Já, em seu segundo sonho: é o desejo contrário: é querer que permanecer nele, querer que ele se eternize. Daí o nosso estado de graça ao acordarmos.
Se o sonho é nossa porção de fantasia ao dormirmos, então que ele seja sempre lembrado, pois.
Adorei... que seja sempre lembrado!
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