terça-feira, 6 de outubro de 2020

Sonho muito

 

Sonho muito

Sonho em cortar a Rússia naquele trem entre Moscou e a IasnaiaPoliana de Tolstói. Em sentar-me ao lado de uma passageira elegante e percorrer a Europa, como fez Dostoiévski. Jogar com Dostoiévski.

Sonho em conhecer a montanha chinesa, verde e úmida e receber a correspondência das mãos do velho carteiro que, a pé, vem e vive vida dura e poética.

Sonho em voltar a Paris e tomar um chá naquela confeitaria ao lado de Versailles, de onde sairei com um pacote perfumado de doces, para saborear à noite no quarto do hotel.

Sonho com a passeata, chamada pela Libelu! Ah! Ah! Ah!

E com os sertões e os gatos de Guimarães.

Com o Morro no Rio de Janeiro onde ela, coxa, está, iludida e feliz. Vou subir o morro sem medo, sem tempo e perguntar ao Brás: precisava ser tão cruel?

Trens, montanhas, cidades, movimentos.

Perfumes, pessoas, páginas.

Alma, corpo, alimento.

Sonho.

Iasnaia Poliana é o nome da residência do escritor Leon Tolstói


Acervo da USP conta a trajetória de Guimarães Rosa




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