Bom dia, amigos! Eu leio boas histórias, desde muito cedo. Lá em casa, por obra de um destino misterioso e incrível sempre teve algo para ler. Minha mãe conta que, ao casar com meu pai, ele fez uma assinatura do antigo Clube do Livro, porque sabia que ela gostava de ler e ele também. O amor tem dessas delicadezas. O casamento durou pouco e anos de luta pela sobrevivência se aproximaram, com o pouco dinheiro somente para a comida e aluguel. Minha mãe, vocês sabem, é uma força da natureza - para usar o melhor clichê possível - fez tudo e muito mais para dar tudo certo. Os livros do Clube do Livro ficaram por lá. Eu fui achando e lendo o que descobria... José de Alencar, Machado de Assis foram quase que minhas primeiras leituras. Mas, há um dado particular nessa história, que poderia ser melancólica, mas não é. Meu pai foi embora, mas sempre nas datas especiais - principalmente natais e aniversários - ele nos presenteava. Muitas vezes, foram livros. Já contei que ganhei dicionários e outros livros dele. Aquela coleção da Melhoramentos de clássicos infantis era o que mais me atraia. Foi meu irmão quem ganhou a maioria deles, mas eu lia primeiro ( ou depois ? ). Então, conheci os classicos Peter Pan, Alice, Gulliver, Os irmãos corsos e tantos outros ainda menina. Será que foi essa a fundação da leitora que sou? Talvez. A mãe leitora só descobri, quando a vida foi ficando menos pesada. O pai leitor só via naqueles encontros breves, mas muito significativos. Da escola, veio o primeiro livro de leitura que tenho até hoje ( o meu original foi perdido, mas uma amiga de outros tempos, me presenteou com o dela ), os livros perdidos nos fundos das gavetas de casa, as revistas da vizinha, mas acima de tudo os Clássicos da Melhoramentos fizeram, sim, a leitora que sou hoje. Acho que já escrevi quase tudo isso antes, mas hoje lembrei de tudo, novamente, pensando nas próximas leituras que farei. Estão sendo lidos Cem anos de solidão, de GGM, conforme já falei dias atrás; Escalavra, de Marcelino Freire e tem um especialíssimo que ainda não comecei, mas está na cama, ao lado do meu travesseiro principal: 2666, de Roberto Bolaño, emprestado pela grande leitora Andréa Moraes. Olho para o calhamaço de Bolaño, pensando nas maravilhas que virão dele... E vamos em frente!
Que delícia, que delícia! Bora ler! Estou ansiosa, aguardando as suas impressões de Escalavra. Eita livro que mexeu comigo. Eu penso que seu texto dialoga diretamente com o texto de Marcelino, em certo momento. E por sua causa, já estou com vontade de reler GGM. Sei lá ..
ResponderExcluirLeia o Gabo... Leia mesmo. Está sendo delicioso reler...
ExcluirTivemos uma infância "parecida".
ResponderExcluirMeus pais, enquanto uma família simples que lutava para pagar aluguel e contas mensais, sempre entenderam que a leitura era importante, então também fizeram uma assinatura do Clube do Livro. Ainda me lembro da primeira caixa que abri eufórica achando que eram gibis da Turma da Mônica,rs. Isto pq acreditei no vendedor quando ouvi dizer que sempre viria uma leitura infantil, tais como gibis.
Quando abri me deparei com um livro de Chico Anysio - O telefone amarelo.
Era uma capa colorida e engraçada, parecia divertido, e eu achei realmente que fosse infantil.
Foi uma grande surpresa um livro dele, pois acreditava no auge dos meus 9/10 anos que ele só trabalhava em TV. E vi o quanto este homem era genial. Um livro de crônicas, que eu chamava de "estorinhas", pq nao conhecia esse gênero de leitura - confesso que fiquei perdida, porque desconhecia as personalidades que constavam dentro do livro... o Google de hoje faria muita diferença naquela época. :-)
Resumidamente, o telefone toca e não se sabe, a princípio, quem pode estar do outro lado, poderia ser qualquer um, desde Cleópatra a Pedro Alvarez Cabral. O outro livro que veio era de Agatha Christie e eu achei a leitura difícil demais e desisti logo nas primeiras páginas.
Neste clube veio toda uma coleção de luxo de Machado de Assis - a qual tenho até hoje -, dicionários maravilhosos (ilustrados), que me desfiz com pesar e vários outros títulos de livros, que se perderam com os empréstimos e doações. Anos depois meus pais se separaram e a assinatura foi cortada para evitar custos. Meu pai sumiu por anos. Fazia aparições a cada 3 anos e sempre muito breve, sem nenhum livro de presente, ou qualquer presente.
Sem pensão alimentícia, minha mãe teve que se virar para sustentar a casa e nos formar. Anos depois, eu já era uma adolescente e as coisas melhoraram um pouco, visto que minha mãe passou a comprar livros, dos mais variados tipos, porém a grande maioria de categoria espírita, e eu lia. A vizinha emprestava as coleções Bianca, Sabrina e Júlia, lia tb. Nunca tive uma leitura direcionada para a idade de fato, mas eu lia o que caía nas mãos. A coleção vaga-lume foi a primeira leitura que me fez transportar de fato para outra dimensão. Minha mãe, tentou dentro da cultura dela fazer algo para o cultivo da leitura, mesmo não lendo os clássicos foi com ela que aprendi a comentar e debater livros, pois líamos os mesmo livros.
Ela foi TUDO em minha vida. Me vestiu, alimentou, pagou meus estudos e me preparou p a vida. Não sou uma grande leitora e estou longe disso, mas sou muito grata pela tentativa ofertada por ela, e de sempre ter muitas revistas e livros aleatórios em casa. Aleatórios mesmo, como: A história do Crochet. Kkkk
Um viva à nossas mães.
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ExcluirUm viva às nossas mães! Elas foram lutadoras, resilientes, leitoras sempre que possível e cada uma à sua moda. Somos privilegiadas! Obrigada, por compartilhar suas memórias.
ExcluirSim, minha mãe trabalhava numa cozinha de hospital, sofria com o calor e vapores dos panelões. Lidava com a pressão de sair a comida para todas as alas do hospital na hora certa. Para ajudar na renda ela costurava nos dias de folga (trabalhava 12x36) e ainda fazia lanches e bolos para excursões, para as quais eu mesma montava as quentinhas e ia levar no terminal rodoviario (eu tinha apenas 12 anos). Nossa vida melhorou quando ela prestou um concurso interno da prefeitura e passou a ser encarregada da cozinha do Hospital do Tatuapé, lugar q trabalhou por 30 anos. Ela foi uma guerreira, nunca parou de trabalhar. Em seu último dia de vida estava preocupada com o condomínio onde era síndica. Por isso sou tão grata, pq mesmo com tanto sacrifício ela jamais se recusou a comprar os livros que precisamos ao longo da vida. Até mesmo quando entrei na faculdade de Psicologia, pois, ainda que já trabalhasse, meu dinheiro nao dava para pagar a faculdade e comprar os livros, então ela me ajudou com parte deles. 🥰. Eu que agradeço por esse espaço e por me ler.😘
ExcluirRealmente, muito parecido. Minha mãe também prestou concurso. Primeiro foi trabalhar no restaurante universitário central da USP. De lá, foi para a biblioteca do Instituto Oceanográfico e depois, para o Gabriel Ortiz, como inspetora de alunos. Muita luta! Elas são magníficas.
ExcluirSão sim. 🥰
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ExcluirSim, são mulheres fortes.
ExcluirMaravilha de texto,como sempre,Elaine!!! Eu preciso dar vivas ao meu pai, a minha mãe e principalmente a minha avó Eneida! ♥️♥️♥️
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ResponderExcluirAnônimo nunca!!! Como diria o Pedro Cardoso, Andrea Moraes eu mesma!!!😂😂😂
ResponderExcluirAí... É isso aí! Viva todos eles! ✌️🤣😍
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