Minha mãe nunca me levou para a escola... nós, as
crianças da rua Corondá, íamos sozinhas ou em grupos de amigos que moravam na
mesma rua. Isso quando estudávamos no mesmo período! A escola era sempre bem
pertinho - a minha ficava na "rua de trás". Nunca soubemos - a
maioria de nós - como era ser levado à escola pela mãe. As mães trabalhavam
muito em casa, tomando conta dos outros filhos que tinham e fora dela, em
outras casas, ajudando, limpando, cuidando dos filhos das patroas. No caminho
para a escola, sempre havia alguém olhando pela janela, tomando conta,
acompanhando a molecada. Era um tempo solidário, feliz. Éramos pobres de Nelson
Rodrigues, felizes como os de Viriato Correia!
Hoje, levo minha a mãe à escola de inglês, duas
vezes por semana.
Ela chega feliz, conversa com as amigas, tem a
aula, faz a lição, toma um lanche. Eu fico esperando, sentada em um banco da nave
da Igreja de São Francisco de Assis, onde a professora tem uma sala de aula
para a terceira idade. Aproveito, leio um pouco, penso coisas boas e recebo a
energia das pessoas que passam por lá. É silencioso e me sinto muito bem...
São dois dias calmos. Uma nova rotina, boa
rotina...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQue sensibilidade, Elaine. Ter momentos para relembrar o que viveu na infância...e compara agora , em que os papéis se invertem não é? A mãe que não podia levá-la à escola porque havia muitos afazeres. A filha que agora reserva um tempo para cuidar da mãe, e aproveita para também ter um tempo de leitura ,silêncio e aprendizagem . Lindo.
ResponderExcluirMovimentos... a vida é feita de movimentos.
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