domingo, 8 de março de 2015

É a vez dela.



Minha mãe nunca me levou para a escola... nós, as crianças da rua Corondá, íamos sozinhas ou em grupos de amigos que moravam na mesma rua. Isso quando estudávamos no mesmo período! A escola era sempre bem pertinho - a minha ficava na "rua de trás". Nunca soubemos - a maioria de nós - como era ser levado à escola pela mãe. As mães trabalhavam muito em casa, tomando conta dos outros filhos que tinham e fora dela, em outras casas, ajudando, limpando, cuidando dos filhos das patroas. No caminho para a escola, sempre havia alguém olhando pela janela, tomando conta, acompanhando a molecada. Era um tempo solidário, feliz. Éramos pobres de Nelson Rodrigues, felizes como os de Viriato Correia!
Hoje, levo minha a mãe à escola de inglês, duas vezes por semana.
Ela chega feliz, conversa com as amigas, tem a aula, faz a lição, toma um lanche. Eu fico esperando, sentada em um banco da nave da Igreja de São Francisco de Assis, onde a professora tem uma sala de aula para a terceira idade. Aproveito, leio um pouco, penso coisas boas e recebo a energia das pessoas que passam por lá. É silencioso e me sinto muito bem...
São dois dias calmos. Uma nova rotina, boa rotina... 

3 comentários:

  1. Que sensibilidade, Elaine. Ter momentos para relembrar o que viveu na infância...e compara agora , em que os papéis se invertem não é? A mãe que não podia levá-la à escola porque havia muitos afazeres. A filha que agora reserva um tempo para cuidar da mãe, e aproveita para também ter um tempo de leitura ,silêncio e aprendizagem . Lindo.

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  2. Movimentos... a vida é feita de movimentos.

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