Ouço o bordão do Repórter Esso, um noticiário histórico do
rádio e da televisão brasileira que esteve no ar até 1970, na voz do lúcido
e criativo Emicida.
Ele diz que está cansado de ser “testemunha ocular da
história”.
Eu entendo Emicida.
Também tenho andado cansada de testemunhar tantos fatos e
fotos dessa realidade.
É muito fato, é muito pesado.
Falas, fotos, ao vivo para muitos, mortas para tantos.
Janelas, canções, panelas, discursos - emocionados, vazios.
Revisão, posição, revelação,
Espantos, surpresas, aproximações,
distanciamentos.
Palavras vilipendiadas... terra vilipendiada... homens
vilipendiados.
Sinto a mesma vontade de não ser testemunha ocular dessa
história.
E estamos aqui... aqui e agora. Vivos, para noticiar,
comentar, refletir.
É nosso encargo, peso, trauma, dever, destino, desígnio.
O olhar, meu olhar. Só meu.
Quem quiser, olhe comigo.