sábado, 23 de maio de 2020

Testemunha ocular da história



Ouço o bordão do Repórter Esso, um noticiário histórico do rádio e da televisão brasileira que esteve no ar até 1970, na voz do lúcido e criativo Emicida. 
Ele diz que está cansado de ser “testemunha ocular da história”.

Eu entendo Emicida.

Também tenho andado cansada de testemunhar tantos fatos e fotos dessa realidade.
É muito fato, é muito pesado.
Falas, fotos, ao vivo para muitos, mortas para tantos.
Janelas, canções, panelas, discursos  - emocionados, vazios.
Revisão, posição, revelação, 
Espantos, surpresas, aproximações, distanciamentos.

Palavras vilipendiadas... terra vilipendiada... homens vilipendiados.

Sinto a mesma vontade de não ser testemunha ocular dessa história.

E estamos aqui... aqui e agora. Vivos, para noticiar, comentar, refletir.
É nosso encargo, peso, trauma, dever, destino, desígnio.

O olhar, meu olhar. Só meu.
Quem quiser, olhe comigo.




sexta-feira, 8 de maio de 2020

Parodiando o mundo, mundo, vasto mundo!



Elza Soares de máscara
Minha mãe lendo a biografia de Elza Soares
“Ô Antonico vou lhe pedir um favor...”
Eu no mesmo tempo histórico de Elza Soares.

Matheus Natchergaele, pisando o tapete vermelho da porta do cinema para assistir ao filme do Mazzaropi
A foto de Grande Otelo, lendo a matéria a respeito de Orson Welles

Paulinho da Viola... me perdoe a pressa.
Mônica Salmaso... qual, não tem de quê!

Pão, pão, queijo, queijo!

Livros pela metade, limpeza pela metade, sono pela metade.
“Mas essa lua, mas esse conhaque, botam a gente comovido como o diabo.”

Zeca Pagodinho e o dia das mães perfeitamente triste e belo.
Aldir, a ponta de um torturante bandaid no calcanhar.

O teatro dramático e suicida de todo dia, amém!

Vamos dar as mãos, vamos dar as mãos, e todos juntos, num esgar, cantar.
Sapore de sale, sapore de mare... Ah! Gianni, non son degna di te!
That’is entertainement!

Pernas fracas, costas fracas, olhos baços… o amor peludo dorme na porta do quarto!

Vento, ventania... pela janela lateral, saudades da Maria, Maria!

Somos duas, somos três, somos quatro, somos cinco, somos seis, somos sete, somos oito, somos nove, somos dez! Mais de dez!

 “Eu sou trezentos!”