29 de junho de 2022. 70 dias com a amiga Paula, aleatórios,
sem cronologia, só lembranças.
1-
Ponto de ônibus, década de 80. Vamos assumir
nossos cargos na Secretaria de Educação. Vamos para Diadema. Professoras.
2-
Dentro do ônibus, Diadema - Serraria. Assalto.
Medo. Caminhada pelo bairro desconhecido. Deu tudo certo.
3-
Aulas, Tonhão. A realidade da sala de aula.
Aprendi com a amiga, como fazer parte da escola. Pensar politicamente a sala
de aula.
4-
A compra do apartamento dela. Visita, os doces
para a filha mais velha. Promessa nunca cumprida de levar uma faca de presente,
para a casa que está sendo, precariamente, montada.
5-
Foto das filhas, feita por ela, em frente à Casa
das Rosas. Uma lembrança bonita da infância.
6-
Separação por um tempo de que não lembro mais.
7-
Ela vai para a Prefeitura, eu para o Estadual da
Penha. As lembranças se embaralham.
8-
A reaproximação...
9-
Compro apartamento novo e ela me visita,
encantada com o corredor.
10-
Fotografa, corremos na Praça Rita, fazendo as
pombas levantarem voo, para conseguir uma boa foto. Chovia.
11-
Conheço gente de todos os grupos de amigos da
Paula. Ela agrega.
12-
Cartões postais e pôsteres que vem da primeira
viagem à Europa que ela fez. A emoção de andar nas muralhas de Toledo.
13-
Não subiu a Torre Eiffel. Eu fiquei brava... Estou
até hoje brava com a amiga egoísta que viajou com ela.
14-
Dont”
cry for me Argentina. Eu vou e ela chega depois, para curtir e dar um
apoio em hora crítica da minha vida.
15-
Vamos para Floripa. Andar na praia logo cedo.
Descobrir como viver mais leve.
16-
Vamos para Paraty. A primeira Flip ninguém
esquece.
17-
Vamos mais um milhão de vezes para Paraty.
18-
Puxo ela de lado, porque amarelei, quando ela
gritou “fora Alckmim” na reinauguração do Solar da Marquesa.
19-
Reinauguração da Casa Mario de Andrade, fomos!
20-
Festival Internacional de Teatro, com filas
homéricas de longuíssimas horas. Fomos. Ela é ponta firme nas filas que
invento.
21-
Coquetel do Festival Internacional de Cinema.
Fomos. Ela curte um coquetel e eu também.
22-
Estreias fenomenais, com o Matheus Nachtergaele
na plateia. Vamos.
23-
Tomamos cachacinha boa com a Olívia na Flip.
Rimos muito.
24-
Vinho... Ganho, dou, tomamos.
25-
Esquecimentos... Demorou um século de amizade,
para eu não esquecer mais o aniversário dela. Ela desculpou todas as vezes.
26-
Até hoje não devolvi o livro do Wisnick. Ela
suporta, eu brinco, nós entendemos.
27-
Passeamos por Buenos Aires atrás de um relógio
de pulso e uma máquina fotográfica.
28-
Vimos Parasita e ficamos paralisadas (trocadilho
bobo, ela ri)
29-
Nos emocionamos em tantas circunstâncias
diferentes, que nem sei.
30-
Ela esquece coisas. Quem não esquece?
31-
Sempre tem um docinho de presente para mim. Ela me
entende.
32-
Fez as fotos mais bonitas que alimentam meu ego.
Já usei uma delas em apresentações, comentando a respeito de literatura.
Adorei.
33-
Fotografa e dá de presente, para minhas filhas e
minha mãe, lindas fotos que ficam aqui na minha sala.
34-
Em Portugal, caminhou ao meu lado e me
incentivou a caminhar colina acima, para curtir o Caminho de Jacinto, que leva
à Casa de Eça de Queirós.
35-
Lemos um conto especial de Cortázar só para
tomar chá no Confeitaria Las Violetas.
36-
Quem topou ir à Conínbriga visitar as colinas
romanas de Portugal, num bate e volta incrível? A Paula.
37-
Quem topou ir ao Fado, numa noite fria e
cansada? A Paula.
38-
Quem pensa comigo a pandemia? O vírus? O
isolamento? A Paula.
39-
Quem comemorou virtualmente a primeira passagem
de ano da pandemia? A Paula.
40-
Ela se desafia com a tecnologia de que não
gosta. Mas, enfrenta e usa, na medida do aceitável.
41-
Tenho amigos professores, fotógrafos, leitores.
Conheço muitos, porque ela os apresentou.
42-
Ela sabe comprar coisas.
43-
Já me ajudou a comprar roupas mais baratas e que
ficaram bacanas.
44-
Me dá presentinhos, como os potinhos para
colocar café e açúcar, que uso até hoje.
45-
Fomos a Olinda. Vimos o incrível Brennand
juntas. Ganhei uma foto linda em uma das muitas janelas que curtimos.
46-
Ela fica feliz em presentear.
47-
Se eu olhar nos meus guardados, vou encontrar
cartinhas, cartões, palavras que ela já me escreveu.
48-
Realizou sonhos. Foi a Cuba. E eu ganhei
lembranças de Cuba!
49-
É tão carinhosa com os filhos dos amigos, que
todos achamos que ela é a madrinha de verdade de todos eles.
50-
Tem amigos de longuíssima data. E faz questão de
respeitar e lembrar-se de todos, nos aniversários, nos momentos de crise, nos
momentos felizes.
51-
Sobrinhos é um caso à parte. Todos são
especiais, queridos, amados, cuidados.
52-
Os sobrinhos-netos têm um carinho ainda mais
especial.
53-
Convida-me o tempo todo, para encontros, festas.
54-
Posso encontrar, como aconteceu, com os amigos
da Paula, no meio de uma viagem, e tirar foto da coincidência, para mostrar
para ela.
55-
Conseguimos manter, apesar dos pesares, um
encontro virtual, toda semana, para comentar nossas leituras compartilhadas. O
grupo é grande e, certamente, ela foi quem mais esteve presente.
56-
Ela sabe muito e parece que nem se preocupa com
isso.
57-
Me ensina todas as vezes que conversamos.
58-
Viaja com as amigas, para lugares inesperados.
Como, por exemplo, Areado. E sempre traz de lá um mimo.
59-
Cuida de cada um dos amigos, segundo suas
características.
60-
Uma deve ser ouvida com cuidado, porque é
deprimida. Com outra, toma café. Aprende a usar o computador com outra. Vai à
vernissage daquela que faz arte. Fala pelo computador com a outra. Telefona, do
telefone fixo, com todas.
61-
Não tem celular. Ainda não se convenceu da
necessidade de tê-lo.
62-
Adora comprar bolsas. Carteirinhas, sacolas.
63-
Sempre me dá sacolas, lápis, marcadores de
livros, das exposições onde não pude ir.
64-
Lembro de quase todas as exposições a que fomos
juntas.
65-
Teatro, cinema, bares, restaurantes, livrarias, avenidas,
caminhadas. Estivemos em quase todos os lugares juntas.
66-
Fez minha foto com alguns queridos de quem sou
ou já fui fã.
67-
Viajamos para ver o Caetano em BH.
68-
Ela telefona para minha mãe.
69-
Vai comemorar o aniversário, que agora não
esqueço.
70-
Tudo começou na fila do ônibus no Terminal
Jabaquara, para ir à Diadema assumir nossos cargos de professora da escola
pública.
O maior presente que se pode dar a ela. Enxergamos a Paula assim, mas eu seria incapaz de escrever com tamanha delicadeza. Privilégio meu conhecer as duas...
ResponderExcluirEla é assim... nosso privilégio tê-la como amiga.
ExcluirÉ tudo verdade. Cheguei bem depois e, amiga das duas, estive presente em muitos dos passeios descritos aqui. Buscar na memória lembranças que contam a história dessa grande amizade, é um presente para a Paula e as amigas que partilham da amizade das duas. Não paro de ler e pensar: eu estive aqui?
ResponderExcluirEsteve em muitos momentos... isso não é ótimo?!
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