sábado, 30 de agosto de 2014

Sem documento...

A Bienal do Livro em São Paulo é um grande acontecimento... todo paulistano ouve falar. Os professores preparam discursos para incentivar os alunos. Os alunos ficam aflitos para saber quando será o dia do "vamos à Bienal e não vai ter aula"... Uma porção de gente pensa o dia todo se vai ou não conseguir aquela foto no trono do game. Os amigos levam mais de uma semana, programando qual o melhor dia para não enfrentar filas que, claro, enfrentarão!
E eu... sempre penso que não tenho mais paciência para isso, que na próxima eu não vou, que "essa gente enlouqueceu"... mas acabo não resistindo. Fui. Também porque, especialmente nesta Bienal,  a Andréa e a Fal estavam oferecendo a Oficina de Escrita de Blogs. Quem conhece, sabe que é uma delícia...
Mas - lá vem a adversativa -  resolvi trocar de bolsa, fazer uma maquiagem para esconder o resultado de um dia infernal de gripe, colocar uma bota, uma echarpe, trocar o casaco... trocar a bolsa, ai, ai, ai... trocar a bolsa. Dá um trabalho danado, mas, de vez em quando, dá vontade de trocar a bolsa. Deixar de lado aquela confortável bolsa em que suas coisas estão todas já acomodadinhas... Tira tudo, joga na cama, joga fora - finalmente - aquele monte de papéis amassados da semana passada. Levo o pente? Sempre. Levo o espelho? Lógico! Levo o passe? Opção economicamente inteligente! Celular, batom, balinha, moedas... tudo em cima da cama! Não posso esquecer o caderno de anotações, a caneta que combina com o caderno... Ah! Acho que vou trocar o casaco! Não pode esquecer de colocar comida para a Sofia! Será que ela tem água fresca? Telefona para a mãe... tudo em cima da cama! A Paula liga e confirma: metrô, às 10h. Tudo dentro da bolsa nova!
Tchau, tchau bambina! Eu ligo, quando voltar!
Na entrada da Bienal "pane no sistema "... a carteira com a identificação de professor, a identidade que prova que eu, sou eu mesma; o cartão do banco e o dinheiro... tudo em cima da cama!
Ainda bem que a moça da entrada é professora e solidária. Entro e suspiro... nada de comprinhas, nada de livros que me conquistam pela capa, nada de caixinhas bonitas de papel de carta... nem ao menos um marca texto!
A amiga solidária oferece ajuda; a outra, oferece o cartão!
Querem saber... acho que os deuses das bibliotecas e os protetores do crédito dos compradores compulsivos de livros resolveram me dar um aviso! Calma, Elaine... a pilha ao lado da cama está grande e a Feira da Primavera da Usp já está chegando!

Me contive... não comprei livros, não fiz dívidas, não legarei a ninguém a miséria de uma Bienal sem livros!

Obrigada amigas! Que venha a primavera! 









segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Capital!

Esta é uma postagem cheia de pecados e fúrias! Tem certeza que quer continuar a ler?

Não coma demais!
Não coma demais.
Não coma demais... viu?

Ah! Vai para a Itália! Cuidado com as massas!
"De gelatteria em gelatteria... só é possível pensar a Itália assim!"

Você engordou muito?
Quantos quilos você engordou na viagem?

Olhares de alto a baixo, procurando onde estão instalados aqueles quilos a mais... 
Ah! Os bons amigos!
E os furos no cinto, dizendo... calma, a coisa não foi assim tão mal!

Primeiro dia:
Cotolleta alla milanese , devidamente pesquisada. O cansaço não nos permitiu andar muito aquele primeiro dia, então a cotolleta foi servida por um simpático maitre italiano (desculpem a tautologia - italiano e simpático - é inevitável), bem pertinho do Sempione.

Segundo dia:
Galeria Vittorio Emanuele II - o sorvete de pistace, da Savini,  rendeu um medinho da reação alérgica, então... no dia seguinte, resolvi que era melhor me render ao de baunilha!

Terceiro dia:

Caffé Diemme... ai, Dio mio! Pasta!

E foi assim...

Cantina Cantarini - caccio e peppe
Spontini - pizza em pé e birra
Scudieri - café, canolli, café, 
Coronas Café... um docinho, per piacere!

Café Florian... clica aí! É demais! E o meu Apperol Spritz, com o sanduíche delicado, cortadinho, fresquinho, gostosinho... quase não combinou com o chocolate das meninas, mas quem se importa?

Harry's Bar

Como assim? Harry's Bar? Claro... Bellini, Carpaccio e dá uma olhadinha no guest book.

 
Trattoria Toscana, dal 1915! Il bene de Dio!
Pappá Francesco... nada como uma boa jogada de marketing! Já falei dele... "não compare os preços com os do restaurante ao lado, nossa comida não é congelada!"  E não era mesmo... pasta a carbonara, baby!
Caffé Panzera, dal 1931.

Al bagno di Nerone - Cecina... birra, pizza!

Já falei da pizza em Nápoles? Já? Pois, é! 
... e os capuccinos!

"A origem do Cappuccino, publicado por Redação Blog Café Fácil 

Cappuccino é uma bebida originária da Itália, sua composição é basicamente três partes iguais de café expresso, leite e leite vaporizado. A alteração destas porções consiste na criação de bebidas derivadas, como Café Latte e Machiato. No Brasil, o uso de chocolate em pó e canela são práticas comuns, mas não faz parte da receita original.
A criação da receita é atribuída ao monge italiano Marco D’Viano, que teve importante papel na resistência cristã contra o avanço islâmico na Europa, que em 1683 encurralou o exército turco, obrigando-os a recuar e deixar, em Viena, varias sacas de café. O termo cappuccino, deriva de cappa (capuz em Latin) e faz referencia ao hábito dos frades capuchinhos, que lembra a cor da bebida.
A qualidade do expresso, a textura e temperatura do leite são elementos de fundamental importância na preparação do cappuccino. Para saber se a vaporização está perfeita, deve-se conferir se o leite cria uma espuma com textura aveludada, brilhante e cremosa. Baristas mais experientes criam desenhos e formas no leite vaporizado, essa técnica é chamada de latte art."



Aprendeu? Então. Se você vai fazer uma viagem como essa, saiba que é quase impossível não pecar! Mas, fique sabendo também que dá para ser um desses pilares da sociedade protetora da vida saudável e, ainda assim, aproveitar a gastronomia de um dos lugares mais incríveis que você pode conhecer um dia na sua vida de onívoro! Coma, cometa o pecado capital, seja feliz!

https://www.youtube.com/watch?v=dNTyQ2SHcs0

Foram dias de glória... algumas coisas não contei aqui, para não impressionar os impressionáveis.

Quer saber? O cinto estava certo... não foi cosi tanto!





 









sábado, 9 de agosto de 2014

Os últimos dias de Pompeia! Muito óbvio?

Alguém lembra desse filme?


E daquele episódio da Nanny em que o Dan Aykroyd vai na casa de Mrs. Sheffield para arrumar a geladeira? A cena está lá pelos 22 mim... O que estas duas memórias tem em comum? 

Bom... resolvemos que não dava para ir a Itália e não ir a Nápoles, deixar de comer a pizza do Da Michele e não conhecer Pompeia... pelos menos Pompeia! O cinema, sempre ele...  Ficamos em um hotel bem perto da estação de trem, para não ter nenhum problema, nem para ir a Pompeia, nem para voltar para Milão - nosso embarque para casa. Chegamos pela manhã, com tempo só para descansar um pouco, comprar a passagem da Transvesuviana e para passar o dia nos "Scavi". Uma dor no coração, porque era só... algumas horas em Nápoles, um pernoite e nada mais. Deu para sentir o astral caótico da cidade, gente gritando, lixo, pixo ... as lambretas... cruzar a rua no susto, ver quem pode mais... o pedestre ou a lambreta! Entramos no clima, nada que um paulistano não tenha experimentado antes... vai no susto que dá certo! Nas ruínas, nem precisa dizer...nem o clima de parque de diversão, prejudica o impacto de pensar naquele momento histórico em que a cidade sumiu debaixo das cinzas... 

Essas lembranças do dia e meio passado em Nápoles não teriam nenhum significado, além daqueles que vocês já imaginam - lembranças de viagem - se não fosse "o episódio  da porta do quarto no dia de ir embora"! 

Tomadas banho, malas prontas, passagens em mãos... vamos tomar café? Depois, voltamos para as últimas abluções! Sai a Thaís, a Mariana e eu... todas achando que alguém tirou a chave da porta. Claro que não... fechamos a porta com tudo dentro do quarto, inclusive a chave. Medo, risos nervosos, e o café? E agora... claro o hotel tem uma chave mestre que abre todas as portas, em todas as circunstâncias, certo? Certo... quando a chave não está na fechadura, impedindo o uso da chave mestre. Falamos com a recepção em italiano, espanhol, inglês e português... todas ao mesmo tempo, sem dizer muito bem o que aconteceu. A mocinha, gentil disse " não se preocupem, não é culpa de vocês, acontece... vamos mandar um chaveiro... tomem o seu café e nós tomamos as providências". Quando subimos tinha um napolitano, querendo ser simpático e calmo, tentando abrir a porta. Napolitano, tentando ser calmo? O moço usou todas as ferramentas possíveis. Suando, tentou tirar a fechadura da maneira sensata com a chave de fenda... suando, com o formão, tentou arrancar o quadro de madeira da parte de baixo da porta, para enfiar a mão pelo vão e pegar a chave... nada funcionava e ele, suando, foi ficando cada vez mais... napolitano. A Thaís arregalou os olhos assustada - já imaginava a conta, chegando em São Paulo para pagar o estrago na tal da porta;  Mariana fazia o modelo controlada; eu ria... e o napolitano, mostrando, além do seu empenho, um cofrinho cabeludo, com a calça já quase caindo... Daí, ele levanta... mete o pé na porta, uma, duas, três vezes, suando, com uma cara de assustar... e consegue arrombar a bendita! Sabe aquela história: para tirar o gatinho da árvore, é melhor arrancar a árvore? Foi isso... ele arrebentou a porta, olhou para nós, sorriu e disse gentilmente... " não é culpa de vocês, fiquem tranquilas... essas coisas, sempre acontecem."

O cofre do napolitano me lembrou o do Dan Aykroyd, no episódio que mencionei... e o filme... bom não dá para perder a piada dos últimos dias de Pompeia! Não dá, mesmo!


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Guerra

Fiquei comovida quando vi, em 2010, na Rue de Rennes, em Paris, uma rosa pendurada em uma porta alta, larga, escura... fiquei comovida com o placa que dizia que ali havia tombado um patriota. A 2º guerra sempre foi um tema que chamou minha atenção. Com certeza, devido aos inúmeros filmes a que assisti nas tardes da sessão da tarde. Em casa, depois da aula, via Fred Astaire dançando para manter o teatro aberto, em tempos de combatentes fora do pais; lutando pela liberdade - e todos os clichês a que somos expostos - adorava os "esforços de guerra". Era o jeito americano de lidar com aqueles tempos duros. Vi também a volta dos soldados amargurados que foram voltando mais amargurados - o contato com a realidade - ao longo de tantas guerras. Escrevendo isso, lembro do maravilhoso Amargo Regresso, já na guerra do Vietnã. Não sei quando comecei, mesmo, a assistir aos filmes do neorealismo italiano. Uma experiência completamente diferente. Um cinema completamente diferente. Mas, sem dúvida, Roma: cidade aberta, foi um choque, uma emoção, quase uma catarse. Quase, porque afinal o que eu sabia daquilo tudo? Nada! Mas o cinema foi me dando pedaços da história que me levaram àquele momento de comoção, em frente àquela porta. 
A mesma coisa aconteceu nas ruas de Milão.
 
Viajando trem, curtindo as paisagens daquelas cidadezinhas italianas com nomes como Passignano - como era mesmo aquela paisagem?- posso ver as construções antigas, pontes, torres que parecem ter mais de cem anos. Algumas ruínas lembram cenas daqueles filmes antigos... É inevitável inventar histórias, imaginar homens, mulheres e crianças escondidos naqueles lugares, cruzando aqueles rios, buscando um lugar seguro, depois de terem sido obrigados a fugir. Recebendo a solidariedade de estranhos. Repartindo o medo, a fome e a esperança. Tudo em preto e branco. O cinema romantizou a guerra - ou como diz Rosselini, "seduziu o espectador" - até mesmo procurou mostrar com realidade as grandes histórias, mas daqui,olhando pelas janelas de um trem, posso ver e ouvir o passado... e crias meus próprios roteiros.

É isso...