A Bienal do Livro em São Paulo é um grande acontecimento... todo paulistano ouve falar. Os professores preparam discursos para incentivar os alunos. Os alunos ficam aflitos para saber quando será o dia do "vamos à Bienal e não vai ter aula"... Uma porção de gente pensa o dia todo se vai ou não conseguir aquela foto no trono do game. Os amigos levam mais de uma semana, programando qual o melhor dia para não enfrentar filas que, claro, enfrentarão!
E eu... sempre penso que não tenho mais paciência para isso, que na próxima eu não vou, que "essa gente enlouqueceu"... mas acabo não resistindo. Fui. Também porque, especialmente nesta Bienal, a Andréa e a Fal estavam oferecendo a Oficina de Escrita de Blogs. Quem conhece, sabe que é uma delícia...
Mas - lá vem a adversativa - resolvi trocar de bolsa, fazer uma maquiagem para esconder o resultado de um dia infernal de gripe, colocar uma bota, uma echarpe, trocar o casaco... trocar a bolsa, ai, ai, ai... trocar a bolsa. Dá um trabalho danado, mas, de vez em quando, dá vontade de trocar a bolsa. Deixar de lado aquela confortável bolsa em que suas coisas estão todas já acomodadinhas... Tira tudo, joga na cama, joga fora - finalmente - aquele monte de papéis amassados da semana passada. Levo o pente? Sempre. Levo o espelho? Lógico! Levo o passe? Opção economicamente inteligente! Celular, batom, balinha, moedas... tudo em cima da cama! Não posso esquecer o caderno de anotações, a caneta que combina com o caderno... Ah! Acho que vou trocar o casaco! Não pode esquecer de colocar comida para a Sofia! Será que ela tem água fresca? Telefona para a mãe... tudo em cima da cama! A Paula liga e confirma: metrô, às 10h. Tudo dentro da bolsa nova!
Tchau, tchau bambina! Eu ligo, quando voltar!
Na entrada da Bienal "pane no sistema "... a carteira com a identificação de professor, a identidade que prova que eu, sou eu mesma; o cartão do banco e o dinheiro... tudo em cima da cama!
Ainda bem que a moça da entrada é professora e solidária. Entro e suspiro... nada de comprinhas, nada de livros que me conquistam pela capa, nada de caixinhas bonitas de papel de carta... nem ao menos um marca texto!
A amiga solidária oferece ajuda; a outra, oferece o cartão!
Querem saber... acho que os deuses das bibliotecas e os protetores do crédito dos compradores compulsivos de livros resolveram me dar um aviso! Calma, Elaine... a pilha ao lado da cama está grande e a Feira da Primavera da Usp já está chegando!
Me contive... não comprei livros, não fiz dívidas, não legarei a ninguém a miséria de uma Bienal sem livros!
Obrigada amigas! Que venha a primavera!