Ontem, estava brincando de casinha na Corondá 35.
De repente, acordo na Heloisa Penteado, dando uma mordida no sanduíche de bife à milanesa que a D.ª Chica fez para o lanche da tarde da Maria. É domingo e nós conversamos, durante a tarde toda, sentadas perto do poço.
Olho para o lado de lá e vejo o gatinho preto no telhado da casinha da Rua Guiratinga... ele cresce e vai comigo para a Vila Gustavo.
Passo por outras casas... andando de lá para cá.
Volto para a Praça da Árvore, do outro lado da avenida.
Nesse piscar de olhos, faço vestibular, leio livros, viajo
A titia Olívia vai embora, de repente...
Tio Marcílio, tio Moacir, tia Maria... meu pai
"— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente".
Trabalho em lugares diferentes, em ocupações diferentes.
Professora, professora mestre, aposentada
Vou ao teatro!
Me apaixono por Walmor Chagas, Bibi Ferreira, Raul Cortez e Paulo Autran
Procuro um registro de voz do querido Sérgio Cardoso...
Ganho do pai a vitrola feita à mão e uns discos do Vanderlei Cardoso e do Roberto Carlos...
Me apaixono por Gianni Morandi , Tarantela, queijo parmesão!
Caso, descaso... que pouco caso essa história toda!
Tenho filhas, compro livros, bonecas, jogos...
Jogo fora o Banco Imobiliário... e compro outro!
Deixo o violão apodrecer no quintal... e compro outro!
Leio O Quinze... e compro outro!
Vou ao cinema assistir a "Liberdade para as borboletas" e "Romeu e Julieta"!
Fico na fila da Mostra Internacional...
Compro dvds repetidos...
Leio Bandeira, Drummond e Lorca!
A poesia me encanta, durante as tardes na casa da Fúlvia...
Leio.
O ritmo acelera... outro dia, brincando de casinha na rua Corandá 35 e agora...
60!
domingo, 4 de dezembro de 2016
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
Não, definitivamente não é...
É muito difícil não surtar!
Nem sei, de fato, qual é a sensação do surto.
Sei que tenho passado mal de pensar e, por isso, usei o verbo surtar.
Estou sensível, estou com vontade de chorar...
Vendo o filme bobinho,
o filme de super herói
o documentário de Yogananda
Pensando nas gentes
nos livros
no poema que não existe
Tentando viver a vida
Entender tudo
Manter a mente aberta
Caminho para frente
Não quero e não olho atrás
Led Zepellin, Gianni Morandi, Verdi
Minha trilha sonora pode ser dramática, mas a hora é essa... curto o drama
sigo a trama, sorvo tudo...
Livro leve heavy easy
Livro hard cool culto
"Livros livros a mão cheia"
Espelho negro
Espelho, espelho meu
através do espelho...
Seguindo o Coelho Branco
Preocupada com Peter Rabbit
Sem conseguir chegar ao fim do texto
Que no fundo, no fundo...
Ceci n'est pas une pipe.
https://meritcoba.com/tag/ceci-nest-pas-une-pipe/
Nem sei, de fato, qual é a sensação do surto.
Sei que tenho passado mal de pensar e, por isso, usei o verbo surtar.
Estou sensível, estou com vontade de chorar...
Vendo o filme bobinho,
o filme de super herói
o documentário de Yogananda
Pensando nas gentes
nos livros
no poema que não existe
Tentando viver a vida
Entender tudo
Manter a mente aberta
Caminho para frente
Não quero e não olho atrás
Led Zepellin, Gianni Morandi, Verdi
Minha trilha sonora pode ser dramática, mas a hora é essa... curto o drama
sigo a trama, sorvo tudo...
Livro leve heavy easy
Livro hard cool culto
"Livros livros a mão cheia"
Espelho negro
Espelho, espelho meu
através do espelho...
Seguindo o Coelho Branco
Preocupada com Peter Rabbit
Sem conseguir chegar ao fim do texto
Que no fundo, no fundo...
Ceci n'est pas une pipe.
https://meritcoba.com/tag/ceci-nest-pas-une-pipe/
segunda-feira, 10 de outubro de 2016
"Às vezes no silêncio da noite".
Por razões que a Razão desconhece, meu grupo de leitura acabou!
Ler em grupo é bom e perigoso.
Bom porque compartilhamos memórias, sonhos e reflexões.
Perigoso porque nos coloca em situações em que temos de ter o bom senso de ficar caladas, mas ficamos? Não, não ficamos. Primeiro porque ler nos dá mais liberdade com a palavra e nos dá o direito de pensarmos por nós mesmos. Segundo porque um grupo de pessoas que pensa e tem o poder da palavra, não está disposto a ficar calado.
... é um problema insolúvel.
Um grupo de leitura tem vida curta.
Não é possível uma convivência pacífica entre pessoas que leem.
Por isso, pensei em me unir a um grupo mais impessoal. Desses que as editoras, as bibliotecas, as casas de cultura formam para vender, formar público ou divulgar ações culturais.
Lá, em um encontro impessoal, poderia ler e falar as bobagens que quisesse, sem me preocupar com quem quer que estivesse ao lado.
Procurei, procurei mesmo... mas, e as discussões? E as opiniões divergentes, os cafezinhos, os bate bocas e os olhares de esgueira - tão significativos! Onde estariam?
Não, acho que não quero algo assim tão impessoal.
Quero um grupo que vá se formando, aos poucos. Cada um trazendo sua contribuição... gente nova e cheia de vontade de compartilhar.
Ou talvez, como tenho me sentido e querido, ultimamente, fico comigo mesma.
Afinal, quem tem de me aguentar sou eu mesma... minha maneira pretensiosa de ser, minha vontade de sonhar com viagens mirabolantes no trem do impressionismo francês, minha boca calada, meu riso, meu humor, bom e mal... meu jeito de ler e minhas vontades.
Egoísta! Egoísta? Egoísta...
...um grupo de leitura feito de livros que escolho, leio e divido comigo mesma!
É isso, e não me venham com churumelas!
Ler em grupo é bom e perigoso.
Bom porque compartilhamos memórias, sonhos e reflexões.
Perigoso porque nos coloca em situações em que temos de ter o bom senso de ficar caladas, mas ficamos? Não, não ficamos. Primeiro porque ler nos dá mais liberdade com a palavra e nos dá o direito de pensarmos por nós mesmos. Segundo porque um grupo de pessoas que pensa e tem o poder da palavra, não está disposto a ficar calado.
... é um problema insolúvel.
Um grupo de leitura tem vida curta.
Não é possível uma convivência pacífica entre pessoas que leem.
Por isso, pensei em me unir a um grupo mais impessoal. Desses que as editoras, as bibliotecas, as casas de cultura formam para vender, formar público ou divulgar ações culturais.
Lá, em um encontro impessoal, poderia ler e falar as bobagens que quisesse, sem me preocupar com quem quer que estivesse ao lado.
Procurei, procurei mesmo... mas, e as discussões? E as opiniões divergentes, os cafezinhos, os bate bocas e os olhares de esgueira - tão significativos! Onde estariam?
Não, acho que não quero algo assim tão impessoal.
Quero um grupo que vá se formando, aos poucos. Cada um trazendo sua contribuição... gente nova e cheia de vontade de compartilhar.
Ou talvez, como tenho me sentido e querido, ultimamente, fico comigo mesma.
Afinal, quem tem de me aguentar sou eu mesma... minha maneira pretensiosa de ser, minha vontade de sonhar com viagens mirabolantes no trem do impressionismo francês, minha boca calada, meu riso, meu humor, bom e mal... meu jeito de ler e minhas vontades.
Egoísta! Egoísta? Egoísta...
...um grupo de leitura feito de livros que escolho, leio e divido comigo mesma!
É isso, e não me venham com churumelas!
quinta-feira, 26 de maio de 2016
Eu nunca usei capelo
Eu nunca usei capelo.
Minha passagem pela universidade não foi uma formalidade,
foi divertida e formadora.
Frequentei as bibliotecas com curiosidade; escapava para o
anfiteatro para acompanhar ao ensaio da orquestra, dirigida por Camargo Guarnieri;
dava um vácuo em algumas aulas para ouvir Zubin Mehta, conduzindo a filarmônica
de Israel; fiz quase todos os cursos de julho. Não perdia uma palestra. Lembro de
cada uma das aulas de literatura. Sofri no Latim. Tive aula com Boris
Schnaiderman, Décio de Almeida Prado, Alfredo Bosi e outros professores de quem
ainda ouço o tom de voz inesquecível!
Eu nunca usei capelo.
Da universidade, fui direto para a sala de aula, mudando a
perspectiva, olhando da lousa para as carteiras... olhei meus alunos e fomos
nos divertir juntos. Nos seminários de literatura, nos festivais de teatro, com
Lima Barreto e Machado de Assis. Ríamos nas aulas de redação, elaborando textos
mirabolantes.
Eu nunca usei capelo.
Com as alunas e alunos da universidade, continuei a rir em
aulas de Literatura Infantil ou com as nossas reações nas leituras
compartilhadas de Guimarães e João Ubaldo. Ri com outros colegas que me
acolheram em projeto deliciosos.
Acredito na formação séria, por isso escolhi com quem rir,
como rir, porque rir...
Hoje, quando vejo o escárnio, o sarcasmo, quando tripudiar a
educação – e falo aqui, especificamente, da última ópera bufa no ministério da
educação – está ganhando força e que quase todos envolvidos usam capelo, sinto
que, para o meu riso, não há mais espaço.
Saí do jogo, jogo a toalha, entrego os pontos!
Firmes aí, amigos que ainda sabem rir, continuem e soltem
uma sonora gargalhada para que eu possa continuar ouvindo daqui...
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sexta-feira, 15 de abril de 2016
Saber...
O velho que caminha à minha frente, no metrô, não sabe.
A mãe que comprou aquele ursinho de quinta categoria nas Lojas
Mel, feliz pois poderia oferecer o regalo para a filha na época do Natal, não
sabe
A barraqueira na fila do açougue não sabe
No ônibus, sobem dois moços... jovens, já um pouco carecas, acima do peso, peso ganho com uma alimentação rápida, suja e
gordurosa. A gravata feia e mal ajambrada, eles falam a respeito do dia a
dia medonho e mesquinho, da meta a ser alcançada... eles não sabem.
A solitária do prédio ao lado, fala alemão, come comida
natural, já viveu fora do país e voltou porque ama a família... ela não sabe.
Ele leu e não sabe
Ela viveu e não sabe
Eu também não sei quase nada... quase nada.
Olho e escuto todos eles, trágicos na sua ignorância de quem
recolhe o pinhão no Bosque do Silêncio, para garantir o pão na mesa.
Olho e procuro escutar, naquela sala de espera da AMA...
olho e quero entender como vivem aqueles que não sabem e nunca terão o direito
de saber.
Como vivem, viveram e como será o futuro dos que não sabem e
dos que sabem e querem que ninguém mais saiba.
O ano novo vai chegar... e ninguém quer saber.
A única coisa que importa é que não saibam...
Não saibam nunca... não devem nem procurar saber.
É podre, causa esgar...
Quase não se dorme, depois de saber...
Ou... dorme-se muito bem, dependendo que quem saiba!
quinta-feira, 10 de março de 2016
Pequenices...
mimimi
não brinco mais
to mal
belém belém... tô de mal não tô de bem
você também, hein!?
mimimi
acabou- o que era doce
dedinho
língua para fora
muxoxo
mimimi
não vejo
não escuto
não leio
não compartilho
mimimi
só eu é que sou legal
inteligente
bonitona
gostosona
diferentona
mimimi
mimimi
mimimi
carapuça
boné enterrado na cabeça
não brinco mais
levo a bola embora
desfaço o castelo de areia
jogo fora
mi mi mi...
não brinco mais
to mal
belém belém... tô de mal não tô de bem
você também, hein!?
mimimi
acabou- o que era doce
dedinho
língua para fora
muxoxo
mimimi
não vejo
não escuto
não leio
não compartilho
mimimi
só eu é que sou legal
inteligente
bonitona
gostosona
diferentona
mimimi
mimimi
mimimi
carapuça
boné enterrado na cabeça
não brinco mais
levo a bola embora
desfaço o castelo de areia
jogo fora
mi mi mi...
segunda-feira, 7 de março de 2016
Relato de uma leitura quase interrompida.
Nosso grupo tem vivido momentos
difíceis. Desde um desentendimento entre duas pessoas queridas, até o enfrentamento dos
percalços da vida, que se encontra em um momento muito especial para todas nós.
O pai de uma das amigas está em processo
de Alzheimer. Para que a situação fique mais confortável para todos, é preciso
trocar de casa, procurar ajuda, buscar o equilíbrio da família – pai, mãe,
filhos, marido e sobrinhos – busca que, praticamente sozinha, ela tem feito. A leitura
fica difícil, quase impossível. Ainda mais, quando ao mesmo tempo em que a
fúria do tempo da velhice se impõe, os deveres do trabalho, como professora,
não dão trégua.
Outra de nós tem mãe vizinha,
delicada e frágil, como são as mães de mais de 80. Tem filhos que estão
iniciando a caminhada, tem trabalho diário. Tem de dar a notícia que a mãe
acabou de perder uma irmã mais nova, enquanto se despede do filho mais novo que
vai rumo a uma aventura acadêmica em outro estado... mesmo assim, a leitura tem
– devagar e sempre – dado seus avanços, tem feito pensar.
Nossa amiga carioca vai ao samba
e cai de boca! Literalmente cai de boca na rua... ai,ai,ai mais um desafio!
Tipoia, sutura e o escambau para dormir feito o Drº House! Ela não para de ler,
não para, não para, não para! Mas, vamos concordar que dá medo voltar a
caminhar para o encontro do Book Club no CCSP. Engole seco, faz a mala, chama o
táxi e vamos que vamos!
A mocinha da Vila Mariana tem
enfrentado seus próprios momentos... um mistério, uns exames, o carnaval no
meio e... doutor, “A única coisa a fazer é tocar um tango argentino”. Que
nada... a melhor coisa a fazer é planejar uma viagem, buscar o site de estudos
das personagens e compartilhar. Ainda melhor é fazer umas fotos, dar um olá
para os amigos... ser incrivelmente gentil comigo. Obrigada, mocinha da vila!
E ela, aquela que sempre deixa o
final do livro para depois, está lendo! Está lendo, senhoras e senhores e
contribuiu com uma reflexão bem interessante no último encontro. Ele lê apesar
de... escola, marido, filha, irmão e irmãs. Ela lê por isso tudo. E ri de tudo,
e vai à festa, e tira foto, e compartilha com alegria... traz um bolo e faz festa.
Nossa leitura vai que vai... de
50 em 50, como il faut! Como tem de ser... assim combinamos, assim acordamos.
Ela lê entre barro e tinta, entre panelas e filhos... entre tempos distintos
para levar a vida e dar conta da vida.
Nossa leitura vai de vento em
popa? Vai segmentada? Quase interrompida?
Na cama, de madrugada... vai que vai.
O sono não vem? A leitura dá conta.
O som e a fúria dos tempos, o som e
a fúria da vida que nada significa.
Vamos Sísifo, vamos ladeira
acima, desta vez com Faulkner.
O som e a fúria da vida, contada
por vozes misturadas às nossas próprias vozes... cheias de som e fúria.
Life’s but a walking shadow, a poor player
That struts and frets his hour upon the stage,
And then is heard no more. It is a tale
Told by an idiot, full of sound and fury,
Signifying nothing.
(Shakespeare, Macbeth, ato V, cena V)
That struts and frets his hour upon the stage,
And then is heard no more. It is a tale
Told by an idiot, full of sound and fury,
Signifying nothing.
(Shakespeare, Macbeth, ato V, cena V)
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Leitura,
Leitura compartilhada
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016
..." que já estou de saco cheio!", dizia o poeta.
Você leva o cachorro para passear, recolhe o cocô, dá o nó
na sacolinha de plástico e deixa no canteiro da árvore? Então, não venha bater
panela no meu ouvido.
Você encontra a amiga na fila do caixa, puxa papo, fura a
fila e faz cara de paisagem? Então, não me fale de corrupção.
Você molha a mão do fiscal, para conseguir aquele papelzinho
importante para a sua vida? Não reclame comigo que “assim não dá – bando de fdp”!
Você põe a verdura amarelada, no meio daquele pouquinho que
ainda está fresco. Me deixe em paz com suas acusações.
Você diz que é orgânico e joga inseticida na frutinha do
bebê? Sai pra lá, cara!
Você dá uma de mané no trânsito... fora meu!
Não me enche, não me amole, não tem argumento que me
convença.
Volte daqui a 500 anos e me encontre na fila do cinema
brasileiro, da exposição de arte, da compra do ingresso para o show... vamos
curtir juntos, depois que você descobrir o que é ser civilizado, falô?
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