sábado, 22 de dezembro de 2012

Não sei não...

Do início de dezembro até agora, ganhei livros maravilhosos. Luis Fernando Veríssimo, Drauzio Varela, Nelson Rodrigues, Grimm, Tolkien, Le Clésio... estive com as amigas do Clube do Livro, no almoço com as amigas de profissão, fui a eventos musicais que me emocionaram muito. Vi a exposição Gil 70, e o último filme que vi deixou uma sensação doce e amarga, como a vida dos retratados -  Liv e Ingmar! Quase que não aguento!
Dezembro é um mês que mete medo, de tanta coisa que acontece nele!

Um tempo em suspensão. É assim que me parece dezembro!

Suspende o ritmo
o tempo
o acontecimento.

suspende tudo
que eu tenho medo

suspende dezembro
vá logo para janeiro
que o sol chegou

suspende dezembro
pega a estrada
foge de dezembro

suspende o tempo
suspende tudo
corre para janeiro
acorda em janeiro

não esquece os livros!
lá não tem janeirofeveireiromarçoabrilmaiojunhojulhoagostosetembrooutubronovembrodezembro!

só a vida perfeita do sofrimento de werther!





Já leram? É lindo!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A leitora



Minha mãe trazia para casa, depois de um dia de trabalho como diarista, além do cansaço, um montão de revistas. Realidade, Manchete, Fatos & Fotos, exemplares da Seleções... revistas lidas pelos patrões. E eu lia todas!  
Lembro perfeitamente de alguns textos e matérias que me marcaram por motivos diferentes. Uma crônica da Seleções escrita por uma dona de casa me divertiu muito e ainda hoje me lembro dela, quando estou com a casa desarrumada e toca o interfone! Pânico! A crônica tinha o nome sugestivo de “Aprenda a conviver com a sua casca de laranja” Assim mesmo! Adorei o título -precedido de uma ilustração em que uma mulher parecia uma malabarista, com as traquitanas da cozinha penduradas nas mãos, equilibrando um milhão de coisas ao mesmo tempo - e a escritora falava em como era difícil manter tudo em ordem, casa, filhos – aquele modelo americano de organização – e como uma vez, recebeu a visita de uma vizinha e não percebeu que havia uma casca de laranja jogada no chão da cozinha. Quando se deu conta, a pobre suava, tentando esconder a tal casca para que a vizinha não percebesse ou não a julgasse uma preguiçosa. Não teve jeito e, chorando, ela tentava se desculpar... e então, pirlimpimpim,... a vizinha resolveu confessar que ela também tinha problemas e baratas embaixo da pia na cozinha linda e perfeita. Porque me lembro tão bem? Eu nunca quis ser dona de casa... mas adoraria ter escrito uma crônica que pudesse imprimir uma lembrança tão forte como essa imprimiu em mim. Era divertida a maneira como ela ia descrevendo a tentativa inútil de esconder seus defeitos e o alívio de compartilhar com a vizinha as mesmas preocupações bobas. E ainda havia crianças chorando e brinquedos pela casa... um clima criado pela escritora, difícil de esquecer.
Um conto da revista Manchete me deixou muito impressionada... acho que era uma tradução. Nem imagino o autor, mas havia uma descrição de um dia muito quente – os adjetivos me fizeram sentir o mesmo calor – e a descrição final da personagem abrindo a mangueira no jardim e regando tudo com aquela água fresca batendo nas coisas e no próprio corpo... como me impressionaram. Acabei de pensar que havia um quê metafórico sensual que naquele momento eu não percebia, mas agora...
E a Realidade?... ler aquela revista era quase um ato de transgressão. Lembro do famoso número em que o repórter narrava e fotografava um parto no meio do nada... guardei o exemplar para poder rever quando quisesse, como se fosse um troféu. Essa e outras reportagens históricas me fizeram sonhar e viajar muito... leituras impressionantes que a revista me deu.
As fotonovelas eram especialmente boas de ler... aqueles galãs italianos, de cabelo arrumadinho, que sofriam ciúme, traição, desencontros, injustiças... delícia! Ouvindo a trilha sonora perfeita, Gianne Morandi, eu também era uma mocinha da revista.
As fotos incríveis da Fatos&Fotos... um editorial de moda da Rhodia, fotografado em Barcelona... a primeira vez que ouvi falar de Gaudí! As cores e formas... impossível esquecer. E o editorial de decoração? Banheiros incríveis... desejo puro de beleza! Ah! ah! ah! O banheiro da nossa casa era do lado de fora, um quarto grande, com o vaso e uma pia feia, o chuveiro... qualquer dia eu conto do chuveiro. Essas eu também guardei durante muito tempo. Claro que as fotos de carnaval, bailes e desfiles fizeram minha imaginação viajar muito! Clóvis Bornay e aquele sorriso debaixo do pancake, olhos bem delineados, o verde das plumas e a descrição de tudo isso em uma matéria bem escrita. Ah, sim, as matérias eram bem escritas!
Nem sei se já falei disso tudo antes... sei que, às vezes, me pego lembrando dessas passagens e gosto de saber que minha leitura teve tantas influências diferentes... gosto mesmo!

Eu era uma menina de, mais ou menos, 10 anos, morava na Corondá, 35, Vila Marieta, Subdistrito da Penha...adorava a palavra "subsdistrito" parecia importante, assim mesmo, na placa da rua!





Vocês pensam nisso?

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Feira

Feira de livros... chegamos de carro, imaginando não sofrer muito com o peso dos livros! Quem pensou em percorrer os três prédios da Poli com as sacolas plásticas e de papel, cortando a mão de tão pesadas? Nós não! 
Entrando pelo prédio do Biênio, felizes, saracoteando entre as bancas das editoras das universidades... bom, bonito, que legal! A única banca lotada era da Cia das Letras... vamos deixar para depois! 
E então, cai na nossa mão O MAPA! 

São três prédios, precisamos nos deslocar pelo campus, flores, arbustos, sol de rachar... andar entre as barraquinhas do "ai que lindo" - camisetas que nunca usaremos, balangandãs que não são dos de iaia, filmes pirateados que adoraríamos ver e, é claro, uma de um rapazinho que faz flautas de bambu! As pessoas ainda ouvem Greensleeves.  Ai, a universidade!

No caminho entre a Civil e Mecânica as pessoas tinham um ar assustado, desesperado, quase infeliz! "E aquele livro que resolvi não levar... vou me arrepender para sempre" "Estarei vivo na próxima primavera?" "Não aguento fila na Cosac Naif, mas as edições são tão lindas..." "E os russos, meu Deus, os russos da 34". "Finalmente vou poder colocar na minha biblioteca aquele livro de que o professor falou tanto em sala de aula"  Podiamos ouvir cada um desses pensamentos. Pobre leitores, pobres de nós. E todos tinham em mãos listas, listas, listas!
E, é claro, O MAPA!

Paramos para um famigerado salgadinho. Não poderíamos de jeito nenhum ter um peripaque bem na fila da Edusp! E estratégicamente deixamos o banheiro para uma ocasião mais especial, no final da tarde, quando todos já tivessem feito, bom, vocês sabem!
Olha O MAPA, Elaine!
Quantas editoras, quantos livros maravilhosos. Fizemos nossas compras. Compartilhamos o medo do cartão de crédito. Tivemos um momento de sanidade, em que uma dizia para a outra, "você precisa mesmo disso, agora?" No caso dos preços divergentes, o apoio da amiga foi fundamental para que eu não estragasse tudo, perguntando qual era mesmo o preço real do livro! Ética na feira de livro, em pleno exercício do capitalismo cultural! 

O saldo foi espetacular. Cansadas, cinco horas depois da chegada, a sensação e a tristeza de não poder voltar nos dias seguintes... e os russos, meu Deus, os russos nas sacolas!

 O MAPA?  Não serviu para nada...  as editoras estavam todas em lugar diferente dos indicados!

Obrigada, Paula! No ano que vem, tem mais!

domingo, 25 de novembro de 2012

Desejo


Leio o jornal de ontem. Aliás, eu sempre leio o jornal do outro dia. Adoro ser surpreendida por notícias que já estão velhas. Me dá uma sensação boa de que há muita coisa ainda para se conhecer. Domingo é um dia ótimo para isso! Na cama, vou revirando os jornais de quarta, quinta, sexta, sábado,  até chegar no domingo e seus cadernos cheios de matérias que vão me entreter durante mais uma semana. Mas, me deu vontade de falar a respeito disso, porque o hábito de escolher matérias dos cadernos de cultura, entretenimento ou dos encartes e guias de resenhas que apresentam as publicações  mais recentes, as reedições, os dvds que, finalmente foram lançados, me jogam num mundo de desejos e mais desejos infindáveis. Fico feliz, triste, esperançosa, dou risadas e suspiro, pensando em quando vou,  finalmente, ler tal livro que recebeu um trato especial de tal editora que sei caprichosa ou posso tramar como ganhar das filhas aquele filme maravilhoso que acabou de sair!

Ontem o Guia: Livros Discos Filmes me deixou maluca! Assim como, às vezes, preciso de uma bolsa nova, um All Star vermelho e mais um caderno de anotações, li a resenha a respeito do romance Oblómov, de Ivan Gontachróv, editado pela Cosac Naify. Meu Deus das bibliotecas! Deve ser uma delícia! O último parágrafo da resenha me deixou cheia de desejo...
“Ilusão: o breve amor pelo mundo do lado de fora é destruído pelo extremo niilismo de Gontcharóv, que faz Oblómov concluir, após uma bizarra sequência de jantares e bailes, que seu mundo não passa de um teatro – e que nada pode ser mais verdadeiro que dormir, ‘talvez sonhar’.” (Ronaldo Bressane, in Livros, pg. 7 do Guia da FSP)

Bom, o caso é que adoro personagens assim... aparentemente desinteressados do mundo, mas que estão, o tempo todo, analisando pessoas, ambientes...  Puro voyerismo. Aliás, leitores são o quê? Voyers, não é mesmo?

E os desejos vão se instalando... na leitura do quadrinho do Laerte, que procurei e não achei para reproduzir aqui... a Lola, brincando de subir e descer escadas. Como é bom! A edição do Isto ou Aquilo, de Cecilia Meireles, ilustrado pelo Odilon Moraes, de quem eu tinha visto uma entrevista na TV, e por quem já me apaixonei, é claro! A Feira Literária de Guadalajara, que é gostosa até no nome. Falem Guadalajara (rara), não é ótima de falar? Pois é. Os irmãos Karamabloch, desde 2008 na minha lista, e agora aparece novamente em matéria no jornal de ontem, só para que cutucar! Garcia Marquez, Carlos Fuentes, Philip Roth ( que comentário: "Todo dia estudo um capítulo do 'Iphone para idiotas'.Agora sou um ás"). Como não pensar em comprar todos os livros desse homem que aos 80 anos, está confortavelmente sentado em sua sala, olhando para mim e dizendo uma blague como essa? Como? E penso, lendo uma última matéria: Será que Luciana conseguiu a Vogue da Frida, faz tempo desde que falei a respeito disso e, agora, vejo uma foto da exposição no México?!

E assim, a coisa vai. Um inferno do qual só conseguirei sair, quando ler, no próximo domingo pela manhã, os jornais da semana que começa agora! E novos desejos se apresentarão para que eu possa me sentir com muita vontade de... sei lá, sofrer, sorrir, “talvez, sonhar”.

E para terminar, uma charge do Laerte( amor, amor, amor), que comenta uma notícia velha e assustadora.


Até mais, leitoras... o jornal de hoje, chegou!

sábado, 17 de novembro de 2012

Noite

Às vezes, sento e escrevo. Vez ou outra, gosto. Tento outra vez e mais uma! A convite da Ana, fui a um sarau... poemas, música. Gente que acredita na palavra, gente que começa a descobrir. Algumas surpresas... e eu escrevo, enquanto ouço. Como aqui estão só os amigos, posso abusar!

A boemia?
É boa! 
boa de poesia 
boa de dose,
boa de gente.
A boemia? É boa!

boa de sonho,
de noite,
de amantes.
A boemia?
é boa de gente que canta
e dança na esquina,
canta no bar de porta fechada,
aberto à dança da vida.
A boemia?
É boa, boemio...
boa à beça!




E ao poeta que perdeu seu poema...

Poema perdido

Estará sob o chapéu?
Na garrafa de cerveja?
Na rua, na esquina? 
O poema perdido me procurará?
O poema perdido na noite boêmia, vazia, de São Paulo...
O poema perdido do poeta em busca do poema
nos cantos,
encantado no papel que caiu,
perdeu-se,
deu-se para quem não sabendo
achará a poesia.


Até mais...






quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Uma passagem...

" Até aquilo que nesses móveis correspondia a uma necessidade, como se apresentasse de uma feição a que estávamos desabituados, a encantava como esses modos de dizer em que descobrimos uma metáfora, apagada, em nossa linguagem atual, pelo desgaste do hábito. Ora, exatamente da mesma forma, os romances campestres de George Sand que ela me dava de presente eram como um mobiliário antigo, e estavam cheios de expressões caídas em desuso, convertidas em imagens, e que não se encontram mais senão no campo. E minha avó comprava-os de preferência a outros, como teria alugado com mais gosto uma propriedade onde houvesse um pombal gótico ou qualquer dessas velhas coisas que exercem no espírito uma feliz influência, dando-lhe a nostalgia de impossíveis viagens no tempo." (No caminho de Swann, Proust)

Pensando em tudo isso, encontrei essa cadeira.



Desenhada em 1978.(Proust Armchair, Alessandro Mendini) Uma verdadeira "nostalgia de impossíveis viagens no tempo".

Quantos tempos agora se embaralham, enquanto escrevo esse post? O tempo de Proust, de sua avó tão preocupada com as experiências que um presente poderia oferecer; o tempo que me atrai nos objetos vistos na feiras de antiguidade, nas casas dos amigos, na varanda da casa que vejo ao caminhar durante a tarde com a Sofia; o meu tempo de menina em que, nas casas das amigas, me encantavam a velha televisão dentro do móvel de madeira ou a sala de jantar com cadeiras escuras e toalha de crochê; também o tempo dos anos 70, como o da Cadeira de Proust, em que a beleza estava em todos os lugares porque era assim que meus olhos registravam o mundo, colorido, bem colorido!

Que beleza de passagem literária e que beleza de passagem do tempo. Nunca perdido, enquanto lemos.

Até mais, amigas fianderias...

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Conversa fiada.

" Os Évengiles des quenoulles (Evangelhos das rocas) do século XV mostram quão fluidas podiam  ser as leituras informais. O narrador, um velho letrado, "uma noite, depois da ceia, durante as longas noites de inverno entre o Natal e a Candelária", visita a casa de uma anciã, onde várias vizinhas reúnem-se amiúde para "fiar e conversar sobre muitas coisas alegres e sem importância". As mulheres, observando que os homens de seu tempo "escrevem incessantemente pasquins difamatórios e livros infecciosos contra a honra do sexo feminino", pedem ao narrador que frequente suas reuniões - uma espécie de grupo de leitura avant le lettre - e funcione como escrivão, enquanto as mulheres leem em voz alta certos trechos sobre os sexos, casos de amor, relações entre marido e mulher, superstições, costumes locais, bem como tecem comentários sobre eles de um ponto de vista feminino. "Uma de nós começará a leitura e lerá alguns capítulos para todas as presentes", explica uma das fiandeiras com entusiasmo, " de tal forma a prendê-los e fixá-los permanentemente em nossas memórias." Durante dias as mulheres leem, interrompem, comentam, fazem objeções e explicam, parecendo divertir-se imensamente, a ponto de o narrador achar a descontração delas , cansativa, e, embora registrando fielmente suas palavras, julga que seus comentários "não têm rima nem razão" O narrador, sem dúvida, está acostumado com as dissertações escolásticas mais formais dos homens.( in, A leitura ouvida - Uma história da leitura, de Alberto Manguel)

Não é mesmo muito bom ter um grupo de leitura? 



 Faltam aqui duas integrantes... Márcia e Val. Puro acaso - atraso - descaso (?) - tecnológico... não consegui baixar as fotos recentes.

Nossas conversas fiadas estão cada vez melhores e há tempos não precisamos de um narrador... Elaboramos, nós mesmas, as nossas dissertações escolásticas, gastronômicas, turísticas, cafeeiras e as demais, aproveitando, também, nossa apreciação dos gêneros da cultura pop! 

A anciã citada no texto...aquela do século XV... bom, ela nunca está presente, pois o Tai-chi é no mesmo horário dos encontros do nosso grupo!

Conversa fiada de qualidade! 



No dia 03/11 finalmente consegui o cabo para baixar as fotos... e aqui estão as integrantes que faltavam...







domingo, 21 de outubro de 2012

Paisagens...

Quantas paisagens busquei, com quantas sonhei e ainda sonho. Uma das maneiras mais deliciosas de, finalmente, pertencer a uma paisagem se dá quando leio, quando vejo um filme... quando, acontece aquele instante único em que saio do sofá, da cama, da cadeira dura da cozinha ou, sei lá, até do banco do metrô e vou, num transporte sobrenatural, para a paisagem descrita, fotografada, presa no quadro. Tudo fica vivo e meu desejo infinito de viajar é satisfeito.

Quando vejo, por exemplo, os filmes de Luchino Visconti acontecem coisas formidáveis... posso, ir a Milão com Rocco e seus irmãos, ou passear pela bela vila onde todos vivem com Violência e paixão e, finalmente, ir a Veneza, cruzar uma ponte, encontrar Marcelo apaixonado nas Noites brancas, pena que não por mim! Ele estava lá, antes de eu chegar e, certamente, alguém já havia conquistado seu coração! E por mais que eu o ame, sempre é mais forte meu amor pela paisagem...

Nem sei quantas vezes caminhei pelo Central Park... e pelas ruas de uma das cidades mais fascinantes, segundo meus sonhos.. Yes, Im walking here...  



E os famosos apartamentos com a escadinha para fora? Busquei um para morar, enquanto assistia Cat People, de 1942!... mas eu não queria aquele de cima... os que sempre me atrairam eram aqueles da parte de baixo... mais misteriosos e aconchegantes! Cena perfeita? Caminhar, tarde da noite, na rua úmida e chegar em um daqueles conjuntos de apartamentos, descer a escada e abrir a porta. Lá, um sofá, um abajur, um fogão diferente do meu aqui de casa... um bule de café... jogar o sapato de salto alto para o lado...e suspirar fundo! Tudo muito cinematográfico! Perfeito!

Quantas paisagens visitei, caminhos, praias, cidadezinhas...estive na Russia, na Espanha, na Grécia e Japão... em tempos distintos, com pessoas diferentes.

Completamente envolvida... a arte exercendo o fascinio absoluto, sem que possamos resistir... em:


E agora... lendo Proust, estou em um desses momentos mágicos! Muitos apelos diferentes... memórias, imagens... fica aqui uma tela que acabo de conhecer. Já sonhei com esse lugar antes... o país, a história... a paisagem!

Quem me acompanha nesta viagem?


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Um caso de amor

Gente que lê é complicada. Às vezes, nos apaixonamos por personagens, por lugares que não existem, por lugares aos quais dificilmente iremos... e, às vezes, pelos autores mais improváveis. Já estive apaixonada pelo Fávio Rangel... cabelos brancos, em caixinhos maravilhosos... e aqueles textos fantásticos na Folha de São Paulo em que escreviam... Drummond, Sabino, Sábato Magaldi. Outros tempos, deixa pra lá! Mas o Flávio, como era lindo... e que textos. Falava de teatro, de gente, de política, de tudo... e eu, apaixonada. Comprei um livrinho de crônicas escolhidas que fica por aqui como lembrança de um amor não correspondido. Também fui apaixonada por Carlos Heitor Cony. Imaginava aquele homem na juventude, com aqueles textos absurdamente sedutores... não, nada de sexo, drogas e rock and roll. Só a sedução da palavra... um tom, um ritmo. Ouvir o Cony... sei lá, o tom de voz dele, combinava tanto com o texto. Vocês devem estar pensando...o Cony, aquele velhinho simpático de bigode, amigo do JK? Fantasiava um encontro... conversa longa, com a gatinha  Mila no colo, tomando café... Pois é, gente que lê é estranha. Agora estou na fase do enamoramento com Ruy Castro. Ah! Aquele vida cafajeste e inteligente que ele, às vezes, descreve. Moço bonito, doidão.. agora é um senhor, fascinante! As biografias... que todos conhecem. E eu me apaixono pelo Ruy Castro que ama o cinema, que ama viajar e ler. Que felicidade os dois livros que ganhei da filha!













E as crônicas no jornal... gosto sempre, mesmo das não tão boas. Inveja da Heloisa Seixas! Passeando com o Ruy Castro pelos lugares mais encantadores... compartilhando as histórias. Já tive a oportunidade de tietar... buscar autógrafo... tirar fotografia com ele e acabei de acompanhar um debate a respeito do cinema de Nelson Rodrigues. Sentei bem no meio da fileira, aproveitando cada intervenção. Também porque lá estava outro dos meus amores... o chato do Rubens Ewald Filho, meu crítico de cinema! Ele é chato, pois ama o cinema acima de tudo... meu melhor momento com ele foi em uma entrevista, quando descreveu como via os filmes em casa, para estudar... uma insanidade! Tudo ao mesmo tempo! Gente insana é fascinante. Ah! O Ruy! Está envelhencendo, repete histórias, precisa da Heloisa para lembrar de algumas. E eu apaixonada, cada vez mais. A melhor descrição a respeito do Marlon Brando... dirigindo as ondas do Pacífico, estourando todos os prazos da produção, enlouquecendo o mundo enquanto pensava em seu filme, A face oculta
Como não se apaixonar por alguém que usa essa foto, com essa legenda...

(Katharine Herpburn cai num canal em Quando o coração floresce. Um turista paciente é capaz de descobrir o lugar exato desse mergulho no filme)

Coisas que amo muito estão aqui... cinema, Veneza, fotografia, turismo cultural... o o adjetivo paciente, completamente estranho, pois se há alguém que não é paciente é um turista cultural, procurando o exato lugar de uma cena de filme, de uma descrição de livro ou de uma livraria famosa. Quem nos acompanha é que deve ser paciente. 

Pois é, estou apaixonada... "Dear Mr. Gable"

... e ainda nem falei do Alvares de Azevedo, que eu namoro lá no salão nobre da Faculdade do Largo São Francisco!
 


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Companheiras

Às vezes, não estamos juntas nas viagens, mas lembramos uma das outras o tempo todo. A Paula fez a sua viagem dos sonhos há uns bons anos. Em uma das visitas, esteve na Espanha. Andou pelos muros das cidades medievais. Viveu o sonho de sentir que sim, era tudo verdade aquilo que leu e estudou tanto, no seu tempo da faculdade de História. Aliás, é uma sensação deliciosa, ver a casa de um dos seus autores prediletos, aquele lugar onde esteve, sentou e tomou o café; o lugar onde ocorreu aquele fato que intrigou, emocionou e nunca mais você esqueceu. É claro que, na Itália, deu com uma passeata contra a Guerra do Golfo! É claro que não perdeu a oportunidade de se manifestar... ela é assim! E voltou com um presente... um cartaz que comprou para ajudar na caixa da campanha. Companheira, sempre.

Ganhei uma sacola com o cartaz do filme "E o vento levou" - até ouço a trilha sonora, cada vez que que pego minha sacola e saio por aí, louca para que as pessoas digam: "que linda, onde você comprou?" E aí, posso dizer: ganhei! Minha amiga foi ao sul do Estados Unidos e lembrou de mim! Prosa...

Veio uma casinha de pedra lá de Paraty, e mais uma de Conservatória e outra e mais outra... ganho as casinhas, porque agora me deu vontade de colecionar. E minhas companheiras sabem disso!

E a bolsa para livros que chegou de Giverny?  Ser professora, com referências é outra coisa, não é?

Tenho um lenço italiano que me deram há... muitos, muitos anos. Já nem encontro mais a companheira que trouxe o presente. Uso, de vez em quando. Saudades.

E é claro que também ganhei uma miniatura da torre Eiffel!  "Estive em Paris e lembrei-me de você!" Por que não? Adoro... está aqui no escritório, bem em frente da fotografia da torre feita pela Thaís.

São todas importantes... essas lembranças! Lápis, marcadores de páginas, cartões postais, potes de doces...




Ficam por aqui, e quando topo com elas, lembro das amigas... compartilhando sonhos, livros, viagens!




quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Brasília, Recife, Maceió.

Eu queria conhecer Recife, de Manuel Bandeira.

 "Cai cai balão
Cai cai balão
Na Rua do Sabão!
O que custou arranjar aquele balãozinho de papel!
Quem fez foi o filho da lavadeira.
Um que trabalha na composição do jornal e tosse muito."


Liguei para meu pai em Brasília e pedi uma ajuda. "Dá para falar com o Sr. Lins, pai da sua vizinha?" Deu. Fui primeiro a Brasília, fiquei uns dias com meu pai, depois fui a Recife. Arrumei também um jeito de ficar uns dias em Maceió. O Sr. Lins lembrava João Cabral de Melo Neto, magrinho, óculos, camisa branca de manga curta, calça social cinza velhinha. Eu chegava bem indicada pela filha - a vizinha de meu pai do conjunto habitacional dos funcionários da gráfica do Senado Federal. Gente boa, gostosa para conversar, acolhedores. Fiquei em um bairro, perto de um colégio judaico tradicional. A outra filha era professora lá. Foi a primeira vez que ouvi a palavra "morá" que achei tão linda. Era um apartamento pequeno, todo arrumadinho, cheiroso. Apartamento de velhos, com passado bonito. Uma penumbra delicada. Colcha bonita na cama em que dormi, vaso de flor na sala, cortina de cor sóbria, toalha branca de rendinha na hora do café da manha. Acordei quatro dias com o perfume do café da manhã de Recife. Cuscus doce, leite quente, queijo, manteiga saborosa... inesquecível. O Sr. Lins , é claro, gostava de conversar... contou como foi, na infância, esperar a passagem da Coluna Prestes na cidade em que ele vivia. O clima de aventura que o fato trouxe para a vida dele. Quis seguir a Coluna, o pai não deixou. Contou de uma cheia que ilhou o casal durante dias no apartamento, porque a água subiu até o 3º andar. Quase não deixava a mulher contar suas próprias histórias. Será que é por isso, que só lembro o nome dele? Que pena. Também não lembro o nome da filha, a morá. Mas, lembro dela, chegando na hora do almoço, contando algumas passagens do dia na escola. Não havia nem uma sombra de cansaço ou de desilusão! E então fui atrás da Recife do poeta! Rua do Sol, rio Capibaribe, as pontes, a festa da pitomba - delícia de fruta. Andei muito pelas ruas da cidade. O prédio da Confeitaria Glória, onde foi assassinado João Pessoa me deixou impressionada. Andei por algumas praias. Que lindo aquele Recife, sem preocupação! Conheci a fantástica árvore de Fruta-pão, pois havia uma bem em frente ao apartamento.Antes, aquela árvore era só uma imagem na figurinha em um álbum que meu irmão colecionava. Guardei a lembrança da senhora espantada, dizendo que "agora as mulheres andam de sacolas nas mãos, é mais pratico", como se fosse uma grande mudança de comportamento. Senhoras educadas não carregavam sacolas! E fiquei conhecendo o  significado da palavra "inverno", chuva da tarde! Eu, a paulista que sabia, naqueles anos, o que era um inverno de verdade. Conheci Recife? Um pouco, um sonho de Recife. Algumas pessoas bem especiais. Elas fizeram meu Recife. Depois, tomei um ônibus e fui até Maceió. Pela praia, vendo aquelas casinhas e coqueiros inacreditáveis...sem máquina digital para registar tudo, só a memória. Uns meses depois, recebi pelas mãos do meu pai um bilhetinho do Sr. Lins, agradecendo a "filha tão educadinha que o sr. me pediu para hospedar", carinhoso. Sinto saudades de pessoas carinhosas. Imagino o casal agora " dormindo profundamente" como diria o poeta.




 Maceió? Outro dia, falo dela!


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Uma das minhas...

Em 2009, quis conhecer Belo Horizonte. Olhando com olhos de todo dia, é uma cidade feia, cheia de problemas, suja, um trânsito caótico. Que ideia, visitar uma outra versão de São Paulo! Mas os meus olhos nunca chegam a uma cidade, olhando do mesmo jeito. Chegam prontos para encontrar as referências que ficam das minhas leituras. Vi muita coisa bonita: o show da Maria Alcina no parque inaugurado 1897 - Parque Municipal Américo Renê Giannetti - , assisti a um concerto de música clássica; caminhei pela Pampulha, onde conversei com uma cobradora de ônibus que tinha o sonho de ser motorista; visitei uma exposição maravilhosa no Museu Inaná de Paula de quem recebo, até hoje, os convites para as próximas exposições. O plano maior era visitar Itabira, claro. Na Itabira de Drummond, ironia, fui a uma festa em que havia uma exposição a respeito de Fernando Sabino. Comprei um livro: "Cartas na mesa". Aquele nosso interesse especial em literatura epistolar, né Andréa? Acabei lendo, durante a viagem até Vitória - Ferrovia Vale do Rio Doce - outra aventura mineira. De volta, havia a cidade para ser explorada. Afinal, é a cidade dos meninos Fernando, Hélio, Otto e Paulo. Do Encontro Marcado, leitura importante na minha formação. Era preciso procurar a praça do encontro, percorrer as ruas descritas nas cartas trocadas, durante todo a vida, pelos quatro amigos. Pelo menos, as de Belo Horizonte. Tomei um café no Café Nice  e lá que fui andar pela cidade. Caminhei muito até chegar à Praça da Liberdade. Fui sentindo o clima dos anos 40 nas contruções, no rosto dos velhos que ainda caminham pela cidade... Vi tantas coisas bonitas e ao chegar lá, não importava mais se era lá era mesmo a praça do encontro, o que importava era o clima do encontro. Estava acontecendo um festa com grupos tradicionais da cidade, gente com histórias no rosto e gente nova aprendendo com os velhos. Visitei alguns edificios históricos da praça. tirei fotos. 




 Eu tive meu encontro com a cidade.



sábado, 25 de agosto de 2012

Amigos viajantes II

Os pátios floridos que a Ana viu na Espanha e chegar a Melilla, próximo ao Marrocos; Gene Kelly ao lado da Andréa nas Olímpiadas nos EUA e ouvir a voz da Marisa Monte de dentro de um banheiro - onde mesmo, Amesterdã? - ; a praia gelada em um vilarejo em Portugal que fez a Paula sentir um dos piores frios da sua vida e a visita ao casal de imigrantes portugueses que morava em Paris; as vilas de onde saíram as famílias da Luciana Penna e da Olívia Frizo, naquela viagem inesquecível para Portugal; a Lili Cordélia na África, ensinando meninos e meninas e ensinando em Londres e a Mariana Aldrigui, visitando a Rússia.  Meus amigos viajantes me dão tanto, quando contam suas histórias! O cotidiano fica mais bonito, leve, esperançoso! Reúno todas elas, com minhas leituras e sonhos e vou a todos esses lugares. Minhas filhas em Nova York, Boston, Versailles, Argentina, Uruguai, Egito. Minha mãe no safári no Sul da África e na foto em pleno Cabo da Boa Esperança! A Isabel Lajedo vivendo pela América Latina, em pleno exercício da sua bondade e sabedoria. Quanto me dão... Meu irmão no cassino em Las Vegas, finalmente realizando o sonho de ser um dos Rat Pack. Relatos de sonhos realizados... de projetos construídos, às vezes, por tanto tempo; às vezes, inesperadamente, como um instante de felicidade. Ao ouvir essas histórias, muito do que não faz sentido na vida, desaparece... porque, afinal, somos assim, gente que busca. No outro, na palavra, na imagem perpetuada concretamente ou sugerida na memória, viajamos.




Qualquer dias desses, conto uma das minhas próprias histórias... 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Cinema, música e literatura.

Conversando com a Ana Mª Villela Martinez, logo na saída da sessão na VI Mostra de Cinema Silencioso, relembrei a sorte que tenho e tive. Professores que me apresentaram autores e possibilidades de leitura e experiências culturais que formaram a leitora que sou hoje, a amante de cinema que sempre está disposta a mais uma descoberta... às vezes, sinto até um sensação amarga de impotência quando, vencida por circunstâncias, não posso ou não consigo ir mais uma vez ao teatro, ficar mais um pouco na fila da exposição, batalhar para um ingresso que será distribído uma hora antes...

Na sala de aula, com as amigas curiosas, na companhia de minha mãe, sempre tão curiosa como eu... tive momentos ótimos! Houve um julho especial em que não perdemos quase nenhuma récita no Municipal. Voltávamos para casa de madrugada e, ainda no ônibus, combinávamos o programa do dia seguinte. Sem nenhum cansaço, Dª Jandyra e eu, depois de um dia de aula e trabalho, lá estávamos na porta do Theatro Municipal, felizes para mais uma noite de balet, coral ou acompanhando a orquestra que, regida por Eleazar de Carvalho, encantava a todos, especialmente, minha mãe!
As estréias cinematográficas foram incríveis! Cabaret, O Poderoso Chefão e tantas outras. E a primeira vez do magnífico Gabinete do Dr. Caligari, na Rua Augusta com a Araci! 

As viagens que fiz a partir da adolescência, sempre foram inspiradas pelas experiências culturais que tive. Nunca viajei só para ver a paisagem ou para uma foto a mais de recordação. Vinham da leitura, do cinema, da fotografia, da música... assim minhas recordações estão sempre em rede.
Confesso que isso, às vezes, é um problema...mas...

                         

Desses momentos sou feita!

domingo, 5 de agosto de 2012

Módulo II 4 de agosto – sáb – 10h às 12h

Módulo II
4 de agosto – sáb – 10h às 12h
Clarice Lispector (Ucrânia, Haia 1925 – Brasil, Rio de Janeiro, RJ 1977)Palestra por Yudith RosenbaumConto: Amor
na obra: LISPECTOR, Clarice. Laços de família: contos. Rio de Janeiro: Rocco, 2009. (e outras edições)disponível em: BMA / Circulante e Coleção Geral; outras bibliotecas do Sistema Municipal de Bibliotecas


Leitura leva a mais leitura... nenhuma novidade. Mas, como é gostoso aproveitar esses encontros que a leitura proporciona. Quantas vezes já falei a respeito de Clarice Lispector durante minha vida de professora? Tantas... No entanto, ela é sempre única. A cada leitura, não são as sensações repetidas, nem as lembranças que mais me surpreendem, são as novas e únicas redes com que o texto de Clarice consegue me envolver. Sábado, na Biblioteca Mario de Andrade, mais uma vez me senti assim. Como se fosse a primeira vez, ouvindo falar de Clarice, pensando em seu conto mais conhecido, estabelecendo relações com as leituras recentes. Enid e Alfred, personagens de Correções, de Franzen; a mulher de Federico Mayol, de Viagem Vertical, de Vila-Matas; e até  com a nossa Capitu, de Machado de Assis. Ela, generosa, permite ao leitor tecer suas próprias interpretações... pobre leitor ingênuo! Quantas armadilhas generosas... Como o último parágrafo do conto:

"E, se atravessara o amor e o seu inferno, penteava-se agora diante do espelho, por um instante sem nenhum mundo no coração. Antes de se deitar, como se apagasse uma vela, soprou a pequena flama do dia." 

 
Com a sua última armadilha... "como se apagasse uma vela, soprou a pequena flama do dia"

Aqui, entre outros,  está o texto integral:  http://www.releituras.com/clispector_menu.asp

Até mais,

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Viajando para comemorar 18 anos


A comemoração de dezoito anos era especial. Fui com uma amiga para Salvador. Salvador aos dezoito anos... ficar em Albergue, assistir Gilberto Gil em um cirquinho na praia, quase parar na delegacia porque a turma fez muito barulho no ônibus, voltando do show; ir a todos os museus e igrejas... todos os que o professor de literatura tinha mostrado em sala de aula, chorar na São Francisco, amarrar fitinha no braço. Apaixonar-me novamente por Castro Alves. Muito importante, muito especial! Mas a amiga era mais especial ainda. Inteligente, perspicaz, uma companhia alegre. Sem medo de nada. Ensinou-me a me arriscar. Quem tem uma amiga dessas, aprende muito na vida. Como se ri aos dezoito anos! Ríamos porque chovia tanto em São Paulo que quase perdemos o ônibus. Ríamos porque depois de 42 horas na estrada, ainda sentíamos o perfume da fábrica do chocolate Garoto, quando finalmente chegamos a Salvador. E ríamos do quase desastre ao comer como primeira refeição uma moqueca ao molho de dendê... e ainda por cima, almoçamos em uma lanchonete popular próximo à rodoviária. Só aos dezoitos para não ter medo de nada, nem de moqueca de rodoviária. Vimos tudo, voltamos baianas, gabrielas...  Voltei com as tralhas da viagem e as lembrancinhas , e ela...  cismou de comprar um berimbau! Claro, quem vai a Salvador tem de trazer um berimbau, não é? Uma turistada de vez em quando não faz mal a ninguém. E aquele berimbau deu o que fazer. A amiga baixinha, pequenininha, malona cheia de lembranças, tinha um berimbau que enroscava nas malas, não cabia no ônibus. O passageiro da poltrona ao lado não se aguentou e perguntou: “voltando de Salvador, é?” "Advinha?" E mais risada!" Vai aprender a tocar?" "Claro" "Gostaram da minha terra" "Nossa, demais. Vamos voltar logo" Alias, estou aqui pensando: quantas horas cuidando da preciosidade baiana? Nem me lembro mais! Não me lembro nem se a volta foi de avião ou de ônibus mesmo. O berimbau foi mais importante do que todo o resto. Será que ele existe ainda? Qualquer dia, pergunto. 


E aqui o mestre:

http://www.youtube.com/watch?v=j1sok3vvsBE

Até mais,
 

terça-feira, 31 de julho de 2012

Amigos viajantes I


Gosto muito de ouvir amigos contando suas histórias... principalmente quando se trata de histórias de viagens. A Paula tem uma que eu adoro... é do tempo em que ela e a amiga, Cidinha, foram Brasil a fora pegar carona em um avião da Força Aérea. Havia essa possibilidade. Parece que ainda há. Era o momento em que viajar significava busca de liberdade individual, fora do sistema, como falávamos então. Decidir aonde ir, como ir, o que fazer e quanto tempo ficar. Decisões que formavam individualidades. Fora do período de férias, sem o consentimento da família, elas tiraram um tempo para ver o que ia acontecer, depois de um período de trabalho conturbado, greves, escolhas. Foram quatro meses no Nordeste. Conhecendo gente, experimentando viver em outros lugares. Surpresas, aventuras, descobertas, caronas.  Onde dormir, na casa de quem? Quem não pensou em fazer uma viagem dessas? “Liberdade para as borboletas”, como no filme! Se pensamos, hoje, em segurança, medo, certezas; com certeza, não eram essas as preocupações naquele momento em que estavam descobrindo o mundo. As situações complicadas foram superadas por terem encontrado, na maioria das vezes, pessoas generosas e hospitaleiras e, segunda elas, por serem ingênuas, apostavam sempre no lado bom da humanidade. Há poucos momentos na vida para se acreditar assim, não é?  Sem fotografias, só memória... foi assim que essa história me foi contada e assim são algumas das nossas melhores experiências . Os detalhes vão se concretizando cada vez que ouvimos um pouco mais e vão ficando melhores, mais vivos. 

E aqui uma matéria de um site de mochileiros...


Quantos amigos, quantas histórias. Vou contando devagar... até!